“A Casa Torta”

Parece impossível, mas ainda há livros de Agatha Christie que não foram transpostos nem para o cinema, nem para a televisão. Um deles – e era um dos favoritos da escritora – é “A Casa Torta”, agora adaptado por Julian Fellowes, o criador de “Downton Abbey”, e pelo realizador, o francês Gilles Paquet-Brenner, que substituiu Neil LaBute. Passada numa grande casa de campo inglesa, no seio de uma família cujo patriarca, um emigrante grego que acumulou uma fortuna na hotelaria e nalguns negócios menos claros, e apareceu envenenado, “A Casa Torta” é uma fita serviçal e digestiva, que não aquece nem arrefece em relação ao que já existe levado à tela e à televisão escrito pela “Rainha do Crime”. Resta a vistosa distribuição, que junta intérpretes ingleses como Max Irons, Terence Stamp, Julian Sands ou Stefanie Martini, e americanos, alguns a fazer de ingleses, como Glenn Close e Gillian Anderson , ou ainda Christina Hendricks.

https://youtu.be/xt_vE0d8UtY

“120 Batimentos por Minuto”

Uma reconstituição visual e emocionalmente intensa e arrebatada, embora tardia em termos de actualidade, do activismo radical, na França do início dos anos 90, da organização Act-Up Paris, formada por seropositivos, que militou junto das autoridades e das farmacêuticas por uma resposta mais clara e mais célere por parte destas ao flagelo da Sida, e para esclarecer o grande público sobre a doença. Escrito e realizado por Robin Campillo (argumentista de “A Turma”, de Laurent Cantet, e autor do filme fantástico “Les Revenants”) “120 Batimentos por Minuto” segue as acções colectivas de choque do grupo, decalcadas das dos movimentos de extrema-esquerda (e logo, por vezes pueris, abusivas e contraproducentes) e demora-se na intimidade de alguns dos seus militantes, que lutam contra o tempo, já que vários estão numa fase adiantada da doença.

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“Derradeira Viagem”

Em “Derradeira Viagem”, Richard Linklater assina um filme com protagonistas muito mais velhos do que lhe é habitual, mas onde se mantém fiel à tradição de palavra expressiva que atravessa a sua filmografia. Adaptada do romance “Last Flag Flying”, de Darry Ponicsan, que também colaborou no argumento (ele ainda é o autor de “O Último Dever’, que Hal Ashby filmou em 1973 e com o qual “A Derradeira Viagem” é aparentado) a fita passa-se em 2003, e é uma história de homens de meia-idade, que combateram juntos no Vietname. Doc (Steve Carell), que foi da Marinha e lá ficou a trabalhar como civil, vai à procura de dois antigos camaradas e amigos, Sal (Bryan Cranston) e Mueller (Larry Fishbourne), antigos Marines, para que o acompanhem no enterro do filho, também ele soldado, que morreu no Iraque. “Derradeira Viagem” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.