Isabel dos Santos está a preparar a abertura do capital dos bancos de que é acionista em Angola a novos investidores. A empresária angolana filha do ex-presidente Eduardo dos Santos é a principal acionista do Banco do Fomento Angola, via Unitel, e do BIC, instituição que está presente no mercado português com a marca Eurobic.

Os planos foram revelados numa entrevista à agência Bloomberg, durante uma conferência realizada no resort egípcio de Sharm El Sheik. Para o BFA (Banco do Fomento Angola), Isabel dos Santos admite vender 25% numa oferta inicial em bolsa no início de 2019 que pode ocorrer em Londres ou Lisboa. O projeto está a ser trabalhado com consultores financeiros, acrescentou.

“Estes bancos têm vindo a ganhar força e agora é o tempo de abrir o capital e receber novos acionistas”, justificou nesta entrevista à agência Bloomberg.

O projeto de colocar o BFA, segundo maior banco comercial de Angola na bolsa de Lisboa, não é novo A hipótese tinha sido considerada como cenário durante as negociações entre Isabel dos Santos e o BPI, quando a empresária era a segunda maior acionista do banco português.

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Porque quer Isabel dos Santos cotar o BFA em Lisboa?

O BFA era controlado pelo BPI até ao início deste ano. O banco português cedeu o controlo, vendendo 2% do capital à Unitel, empresa de telecomunicações onde Isabel dos Santos é acionista com 25%, para responder a exigências do Banco Central Europeu. O BPI ainda é acionista do BFA, mas Isabel dos Santos vendeu as suas ações no banco português aos catalães do CaixaBank,

A filha do ex-presidente angolano, que foi recentemente afastada da liderança da Sonangol pelo sucessor de José Eduardo dos Santos, admite ainda vender uma participação no BIC através de uma colocação a investidores privados, dando preferência a um parceiro que já esteja no setor financeiro. Isabel dos Santos controla 43% desta instituição bancária que em Portugal comprou o BPN ao Estado.

E a demissão da Sonangol? É “normal” numa transição de poder

Questionada sobre o seu afastamento da presidência executiva da Sonangol, uma das decisões tomadas pelo novo presidente João Lourenço, a filha de José Eduardo dos Santos desvalorizou, afirmando que era normal, na sequência da mudança de poder em Angola. Acrescentou contudo que a sua equipa na petrolífera angolana obteve bons resultados durante os 17 meses que esteve em funções.

Isabel dos Santos diz ainda que a sua demissão da Sonangol não afeta o investimento que tem em parceria com esta empresa na Galp Energia, através da Amorim Energia. Sublinha também que tenciona manter o investimento na operadora NOS.