O ministro do Trabalho e da Segurança Social, José António Vieira da Silva, esteve presente na reunião em que Anders Olauson, da fundação Ågrenska, convidou Paula Brito e Costa para se juntar ao governante numa visita à instituição sueca, em Gotemburgo.

Na quarta-feira, quando confrontado com o facto de a presidente da Raríssimas ter visitado as instalações da Ågrenska ao mesmo tempo que o ministro, a 16 de novembro, Vieira da Silva limitou-se a dizer que supunha que o convite a Paula Brito e Costa tivesse sido feito pela fundação sueca, garantindo que a responsável não fazia parte da comitiva do ministro.

Ao que supomos, terá sido convidada diretamente pela Ågrenska”, afirmou o gabinete do ministro.

Ora, esta quinta-feira, o Observador enviou um conjunto de perguntas para Anders Olauson, responsável pela fundação sueca, para perceber como tinha decorrido o convite. Numa resposta enviada por e-mail, Olauson foi claro: Vieira da Silva estava presente no exato momento em que o sueco convidou Paula Brito e Costa para viajar até à Suécia.

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“Conheci o ministro quando estive em Lisboa, no Ministério. Quando assinei o protocolo para partilha de experiências entre a Ågrenska e a Casa dos Marcos/Raríssimas, que aconteceu na presença de Vieira da Silva, perguntei ao ministro se visitaria Gotemburgo para a Cimeira Social Para o Crescimento Justo e o Emprego, a 16 e 17 de novembro. O ministro respondeu que ‘sim’ e então convidei-o para visitar a Ågrenska, se tivesse tempo. Naquele momento, senti que era natural que Paula Brito e Costa viesse também“, esclareceu Anders Olauson.

O Observador ainda insistiu: o convite foi feito em simultâneo? O sueco remeteu para o primeiro esclarecimento, confirmando que o convite tinha sido feito, de facto, ao mesmo tempo e na presença do ministro.

Ou seja, ao contrário do que parece sugerir Vieira da Silva quando se limitou a dizer que supunha que o convite à presidente da Raríssimas fora feito pelos suecos, o ministro da Segurança Social presenciou e testemunhou o convite de Anders Olauson a Paula Brito e Costa.

No esclarecimento que prestou ao Observador, Anders Olauson não soube precisar quem é que preparara aquela reunião no Ministério da Segurança Social. À pergunta sobre quem organizou este encontro entre a Ågrenska, a Raríssimas e o ministro português, o sueco respondeu apenas: “Não sei“.

Anders Olauson explicou ainda que este tipo de iniciativas em que um ministro participa e recebe um encontro entre duas associações é “normal” e recorda um episódio semelhante que aconteceu entre a fundação sueca e uma congénere espanhola em Burgos, Espanha.

Confrontado com as declarações de Anders Olauson, o Observador procurou novamente um esclarecimento do gabinete de Vieira da Silva. As perguntas eram:

  • Anders Olauson diz ter convidado Vieira da Silva e Paula Brito e Costa em simultâneo. O ministro sabia ou não sabia que Paula Brito e Costa tinha sido convidada pela Ågrenska para visitar a instituição sueca no mesmo dia?
  • A Raríssimas assinou com a Ågrenska um protocolo nas instalações do Ministério, num ato que contou com a presença do ministro José António Vieira da Silva. Porque é que foi organizado no Ministério?
  • É um procedimento comum?
  • Quem organizou/promoveu a assinatura do protocolo?

Em resposta ao Observador, o gabinete de Vieira da Silva limitou-se a enviar uma ata da reunião, em que se faz referência ao convite de Anders Olauson para o ministro visitar as instalações da Ågrenska. No referido documento, não há qualquer referência ao convite estendido a Paula Brito e Costa. Apesar da insistência, o ministério não respondeu às perguntas do Observador.