A ligação entre os Estados Unidos e a Europa pode estar em risco, avisou o chefe do gabinete de Defesa britânico, Stuart Peach. Navios russos têm sido regularmente avistados perto de cabos subaquáticos no oceano Atlântico, os quais são absolutamente essenciais às comunicações entre países da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Se cortados, o comércio internacional e a internet entre nações da NATO ficariam “imediata e catastroficamente” fraturados.

No início do mês de dezembro, o ‘think tank’ Policy Exchange lançou um relatório em que dá conta de que por esses cabos passam 97% da comunicação global e 10 triliões de dólares em transações financeiras diárias. Estes cabos, dizem, são uma “indispensável infraestrutura do nosso tempo, essenciais para a nossa vida moderna e economia digital, no entanto estão protegidos de forma inadequada e altamente vulneráveis a ataques no mar e em terra, tanto de estados hostis como de terroristas”.

Stuart Peach, que lidera o comité de segurança da NATO, considerou que “há um novo risco para a nossa prosperidade e modo de vida, para os cabos que atravessam o fundo dos nossos mares”, escreve o The Guardian. “Disrupção através de corte ou destruição dos cabos fraturaria imediata e catastroficamente o comércio internacional e a internet”, alertou.

“Quando a Rússia anexou a Crimeia um dos seus primeiros passos foi cortar o principal cabo de conexão ao mundo exterior”, pode ler-se no relatório da Policy Exchange, escrito por Rishi Sunak, deputado britânico do Partido Conservador. Sunak cita ainda oficiais da Inteligência norte-americana, que afirmam que submarinos russos têm “operado agressivamente” perto dos cabos, que vêm à superfície em algumas localizações mais remotas.

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Este tipo de ações por parte da Rússia são vistas como guerra não convencional. A ameaça, diz Sunik, é real: em 2007, a Al-Qaeda planeou destruir um ponto “chave de troca de internet de Londres”, escreve o deputado, mas o plano foi frustrado.

Segundo o correspondente de Defesa do The Guardian, Ewen MacAskill, a Rússia pode simplesmente estar a tentar intercetar comunicações para recolher informação, “tal como os americanos e britânicos fazem há muito tempo”.

A resposta a dar à ameaça da “modernização da marinha russa – tanto de submarinos e navios nucleares como convencionais -“, considerou Peach, é “continuar a desenvolver as nossas [NATO] forças marítimas”. Por enquanto, a solução tem sido “priorizar missões e tarefas de modo a proteger as linhas marinhas de comunicação”.

O relatório recomenda, entre outras medidas, que governos e companhias privadas, que detém os cabos, trabalhem para “melhorar a monitorização no mar” e instalar “cabos negros” que sirvam de ‘backup’. Além disso, é recomendado que se “avalie e melhore a segurança” nos pontos em que os cabos vêm à superfície e que se estabeleçam “Zonas de Proteção de Cabos”, tal como já têm a Austrália e a Nova Zelândia.