Um quarto da população brasileira viveu abaixo da linha de pobreza no ano passado, segundo uma pesquisa de indicadores sociais divulgada esta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A linha de pobreza adotada pelo Banco Mundial é de 5,5 dólares diários e 25,4% da população brasileira teve uma renda diária abaixo daquele valor, que corresponde a um rendimento mensal de 98,8 euros.

“A situação é mais grave entre os 7,4 milhões de moradores de domicílios onde vivem mulheres pretas ou pardas sem cônjuge com filhos até 14 anos. Desses, 64% estavam abaixo dessa faixa de renda”, informou o IBGE.

Fazendo um recorte que levou em conta a faixa etária, é possível perceber que a pobreza afetou diretamente crianças e adolescentes, que corresponderam a um percentual de 42,4% desse grupo etário. “Também há alta incidência para homens e mulheres pretos ou mulatos (respetivamente 33,3% e 34,3%) em relação a homens e mulheres brancos (respetivamente 15,3% e 15,2%)”, destacou o estudo do IBGE.

A desigualdade de renda no país continuou intrinsecamente ligada à questão da raça visto que o estudo indicou que entre os 10% da população com os menores rendimentos, 78,5% eram pretos ou mulatos. Já entre os 10% mais ricos, os pretos ou mulatos representavam apenas 24,8%.

De novo a questão da raça trouxe diferenças importantes neste grupo tendo em vista que o número de jovens que não estudava nem trabalhava em 2016 era maior entre aqueles de cor ou raça preta ou mulata (29,1%) do que entre os brancos (21,2%).

A população jovem também foi a mais afetada pela crise económica que atingiu o Brasil nos últimos anos. O nível de pessoas nesta faixa etária que estava a trabalhar caiu de 59,1%, em 2012, para 52,6%, em 2016. “A taxa de desocupação [desemprego] dos jovens ficou em 18,9% para homens e em 24,0% para mulheres. Dos desocupados, 54,9% tinham de 16 a 29 anos, refletindo em uma taxa de desocupação (21,1%) mais alta para este grupo que para os demais”, concluiu a pesquisa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR