Marques Mendes não acredita que o ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, se demita na sequência do escândalo que envolve a Raríssimas. “Se quer a minha opinião, o ministro não se demite nem vai ser demitido, mas se não explicar esta questão [por que não fez uma inspeção à associação antes do verão] fica chamuscado e fragilizado”, afirmou no espaço de comentário que tem semanalmente na SIC.

O social-democrata explica que, “de um modo geral, a Segurança Social é muito exigente”, mas que neste caso fica a sensação de que houve alguma conivência da parte do ministério.

“Tenho Vieira da Silva como um ministro sério, competente, experiente e um dos melhores ministros destes governos. É um peso pesado e também acho que não cometeu crime nenhum, não meteu dinheiro ao bolso, não fez nenhuma fraude”, afirmou, acrescentando que, no entanto, tem uma falha: a inspeção que ele mandou fazer agora devia ter mandado fazer antes do verão.

Ideias defendidas na véspera do ministro do Trabalho e Segurança Social ir dar explicações sobre o caso Raríssimas.

Sobre Manuel Delgado, o secretário de Estado da Saúde que se demitiu na sequência da mesma polémica, Marques Mendes sublinha que, “depois da entrevista que vimos, não tinha outra alternativa senão demitir-se. A questão é saber porque não o fez 24 horas antes”, afirmou.

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A polémica que envolve a alegada gestão danosa da Raríssimas, pela mão da presidente Paula Brito e Costa, levou Marques Mendes a fazer um apelo aos mecenas da instituição que apoia crianças e jovens com doenças raras.

“Se são apoiantes da solidariedade social, da Raríssimas, este é o momento para apoiar, não é o momento para abandonar, desertar. Deixar de apoiar a instituição neste momento é criminoso. Esta é a altura de apoiar porque são dezenas de jovens com doenças muito difíceis, que precisam de apoio e que não têm culpa nenhuma, nenhuma, nenhuma”, frisou.

Ainda sobre a Raríssimas, Marques Mendes considera que é “uma instituição louvável que se transformou num caso de polícia” por causa do comportamento da presidente Paula Brito e Costa e dos restantes dirigentes.

“Esta senhora está há 15 anos no poder, é uma eternização do poder. Sou um grande adepto de limitação de mandatos, seis anos no máximo, oito anos. Quando as pessoas se eternizam no poder, a dada altura pensam que são donas da instituição e quando acham que são donas deslumbram-se com aquilo. Com o dinheiro, com o poder, com as reações políticas. Dá asneira”, disse Marques Mendes.

Num comentário em que também elegeu o acontecimento — os incêndios — e personalidade do ano — o ministro das Finanças, Marques Mendes defendeu que Mário Centeno não fará parte de um próximo Governo socialista. Governador do Banco de Portugal ou comissário europeu, foram possibilidades que admitiu.