Os preços dos principais produtos nos mercados de Luanda dispararam na semana que antecede o Natal, justificado pelos vendedores com a subida de preços nos armazéns e queixando-se de quebras no negócio face aos atrasos nos salários dos trabalhadores.

Numa ronda efetuada nos principais mercados da capital, a Lusa constatou bancadas recheadas com os principais produtos solicitados nesta fase de Natal em Angola, dos ovos aos chouriços, manteiga, trigo, açúcar, arroz, óleo e feijão, com subidas de preço generalizadas.

Contudo, os vendedores reclamam da fraca procura, que dizem estar condicionada pelo pagamento tardio dos salários, devido à crise económica que persiste no país, mas ainda assim esperando por “dias melhores” com a aproximação do Natal, tal como contou à Lusa Conceição Massoxi, vendedora do mercado dos Kwanzas, arredores de Luanda.

“Por enquanto as coisas não estão a andar, vamos esperar nos próximos dias, porque muita gente ainda não recebeu o salário. E quando começarem a pagar também teremos muitos clientes”, apontou, recordando que nos armazéns, onde se abastecem, os preços estão a registar aumentos.

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Explica ainda que o litro de óleo está agora a ser vendido a 400 kwanzas (dois euros), o quilo de arroz a 250 kwanzas (1,30 euros), tal como o de açúcar, enquanto cada ovo custa 50 kwanzas (26 cêntimos) e o quilo de feijão 500 kwanzas (2,60 euros).

“Os preços estão a subir e não sabemos o porquê”, apontou, responsabilizando os armazéns grossistas pelas subidas dos últimos dias em Luanda.

A carência de clientes e a subida de preços neste período do ano também foi assinalada por Manuela Ntumba, que vende no mesmo mercado: “Dois chouriços está no valor de 500 kwanzas [2,60 euros], porque a caixa estamos a comprar a 12 mil kwanzas [61,5 euros]”.

“Mas a procura está fraca, porque nós também dependemos dos trabalhadores, eles não aparecem e estamos assim”, adiantou.

O cenário da reduzida procura dos principais bens de consumo no período de Natal em Luanda também é vivido no mercado do São Paulo, um dos principais pontos de abastecimento do centro da capital angolana.

Fineza Bernardo, que vende produtos diversos naquele mercado há sete anos, conta que apesar da fraca procura, os bens mais consumidos nesta fase tendem a subir de preço.

“As coisas estão caras. A caixa de ovos estamos a comprar a 15 mil kwanzas [77 euros], com tendência de subir até 19 mil kwanzas [98 euros], porque na penúltima semana de dezembro as coisas sobem muito”, disse.

Segundo a vendedora, de 31 anos, aparecem de “forma tímida” e aponta o período de crise económica e financeira que o país vive como estando na origem da subida de preços e da “falta de dinheiro nos bolsos nos cidadãos”.

“Os clientes aparecem dia sim, dia não, mais ou menos. O ovo, a manteiga, a maionese, o ketchup, a nata, chouriço são os mais procurados”, referiu.

“As coisas estão caras e não estamos a conseguir nada”, desabafou.

Por estes dias, vende um saco de trigo a 6.300 kwanzas (63 euros), enquanto um só quilo custa 150 kwanzas (77 cêntimos).

“O mercado ainda está muito vazio e temos tido poucos clientes, mas esperamos outro movimento nos próximos dias”, rematou.

Lamentações sobre a fraca procura também surgem por parte de Lourença Gomes, que há três anos busca sustento comercializando bens diversos no mercado de São Paulo, um dos mais antigos de Luanda, também lamenta a fraca procura e a subida dos preços.

“Estamos a viver dias difíceis, ainda não temos muito procura, temos poucos clientes”, lamentou.