A última etapa do Circuito Mundial de surf era de tal forma aguardada um pouco por todo o mundo que, a certa altura, até Neymar decidiu ir meter-se na coisa em plena página da World Surf League. Sim, esse mesmo, o futebolista que passou a ser o jogador mais caro da história de futebol após trocar o Barcelona pelo PSG por 222 milhões de euros. “Dá o título para o John John logo, hoje foi feio demais. Medina, vai para cima, moleque, contra tudo e contra todos”, escreveu o avançado este domingo.

A razão das críticas é simples de explicar: com Gabriel Medina ainda à espera de um eventual deslize de John John Florence nas rondas iniciais do Billabong Pipe Masters, o havaiano teve uma terceira ronda disputada até ao fim com Ethan Ewing e, quando o australiano precisava apenas de 4.67 para passar para a frente da bateria, acabou por ficar nos 4.60, dando o triunfo à tangente ao campeão mundial em título (10.87-10.80). Neymar, amigo do surfista brasileiro, e muitos outros fãs brasileiros (e não só) protestaram a avaliação (segundo o Globoesporte foi mesmo criada a hashtag #WorldShameLeague), mas nada mudou e John John passou à fase seguinte.

Esse acabou por ser o momento decisivo para o bicampeonato mundial do melhor surfista da atualidade: passada essa ronda, a mais complicada que teve até então, John John qualificou-se de forma direta para os quartos e, após afastar Julian Wilson, viu o francês Jeremy Flores surpreender Medina, fazendo desde logo a festa do título entre família e amigos no local onde nasceu para o surf (e numa altura em que estava na praia à espera das meias-finais). Mas o melhor do francês ainda estaria para vir: quando se pensava que o havaiano iria fechar com chave de ouro a “sua” prova, Flores conseguiu mesmo vencer a etapa na última onda da bateria (16.23-16.16).

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Qual é a sensação? A sensação é de alívio… Estou focado para ganhar em casa e oapoiotem sido incrível, pelo que ganhar em casa…. Foi um ano muito divertido. Agora tenho de ir para a minha bateria?”, comentou nas primeiras palavras após o bicampeonato.

Com esta vitória, o surfista de 25 anos, que ano passado ganhara o primeiro troféu em Peniche, tornou-se o primeiro a revalidar o título desde o bis de Kelly Slater em 2010 e 2011, ao mesmo tempo que terá como grande objetivo repetir o feito do mítico havaiano Andy Irons, que se sagrou tricampeão entre 2002 e 2004. Curiosamente, John John acabou por vencer apenas o Margaret River Pro contra dois triunfos em etapas de Medina (França e Portugal), mas foi mais regular ao longo do ano, chegando aos primeiros três lugares em mais de metade das provas (seis em 11). Aliás, só mesmo no Brasil e em Fiji é que o havaiano não alcançou pelo menos os quartos.

Já Frederico Morais, o português que se estreou este ano no Circuito Mundial, conseguiu fazer um percurso fantástico mas perdeu por 50 pontos a possibilidade de terminar como melhor rookie, acabando o Billabong Pipe Masters no 25.º lugar (eliminado na segunda ronda por Kanoa Igarashi, após ter terminado a bateria inicial atrás de Ítalo Ferreira e Mick Fanning) contra a 13.ª posição do australiano Connor O’Leary (29.950-29.900). Ainda assim, o 14.º posto na geral acaba por ser uma excelente prestação e o culminar de uma época bem conseguida que teve como momento alto a final em Jeffreys Bay, onde perdeu com Filipe Toledo.

Frederico Morais eliminado na segunda ronda do Billabong Pipe Masters