Justin Gatlin é o atual campeão do mundo dos 100 metros, foi duplamente campeão olímpico em 2004 e é o autor de alguns dos melhores tempos da história. Mas também é um recordista de acusações de doping, escândalos de substâncias proibidas e inibições de competir. E agora há mais um capítulo para juntar à história.

Uma grande investigação do jornal inglês Daily Telegraph acusa o círculo mais próximo do atleta norte-americano – o treinador e o agente – de se oferecerem para obter substâncias dopantes para jornalistas infiltrados. A equipa de repórteres viajou do Reino Unido para a Flórida, nos Estados Unidos, e fez-se passar por representantes de uma companhia cinematográfica que precisava de preparar um ator para interpretar um atleta. Assim sendo, contactaram a equipa de Gatlin. Ao que parece e segundo conta o jornal, os dois homens ofereceram-se para obter substâncias ilícitas para os “representantes” através de receitas falsas passadas por um médico austríaco.

Dennis Mitchell, o treinador, e Robert Wagner, o agente, ofereceram testosterona e hormonas para crescimento e cobraram 213 mil euros. O Daily Telegraph acrescenta que Mitchell e Wagner confirmaram que Gatlin utiliza substâncias proibidas.

Ainda que, desta vez, Justin Gatlin não seja o principal visado neste escândalo de doping, o atleta parece não conseguir soltar-se desta sombra. Acusou positivo pela primeira vez em 2001, por anfetaminas, e escapou de consequências maiores ao alegar que tomava o medicamento desde criança por sofrer de défice de atenção. Mas em 2006 já não houve escapatória possível. Gatlin testou positivo para testosterona e foi afastado da competição durante oito anos. Recorreu, culpou o massagista, arrependeu-se, reduziu a pena para metade e desapareceu de 2006 a 2010.

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Voltou. Foi campeão do mundo dos 100 metros em agosto, ao bater Usain Bolt. Mas parece que o escândalo, o doping e o crime voltaram com ele.

Depois da reportagem, a Associação Internacional de Federações de Atletismo e a Agência Anti-Doping dos Estados Unidos já anunciaram que estão a investigar o caso. Justin Gatlin, por sua vez, recorreu ao Instagram para dizer que despediu o treinador e desmentiu o uso de substâncias ilícitas.

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