Centenas de sementes chegaram, este domingo, à Estação Espacial Internacional (EEI). O objetivo é perceber como é que as plantas respondem a ambientes com pouco oxigénio, conforme divulgou a Universidade de Wisconsin–Madison (Estados Unidos).

Não se pode dizer que o oxigénio falte na EEI — ou os próprios astronautas teriam dificuldade em respirar —, mas a água e o ar têm um comportamento diferente quando estão em gravidade zero. A água não flui, fica agarrada às superfícies, logo fica agarrada à planta e às raízes criando um ambiente pobre em oxigénio.

O astronauta canadiano Chris Hadfield tem uma boa demonstração do que acontece com a água no espaço.

A experiência vai decorrer ao longo de um mês na EEI e ao mesmo tempo na Terra para que os investigadores consigam perceber se alguma coisa afeta o crescimento das plantas e, em caso afirmativo, o quê. Pode dar-se o caso de sermos apenas maus jardineiros espaciais.

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As plantas crescem bem o suficiente para, por exemplo, se desenvolverem durante todo o ciclo de vida. A questão é: quão bem as plantas crescem”, disse, em comunicado, Simon Gilroy, coordenador deste trabalho e professor de Botânica na Universidade de Wisconsin–Madison. “Ainda estamos na fase de perceber se as questões no espaço são intrínsecas à biologia ou se ainda não somos jardineiros espaciais realmente bons.”

Esta é a quarta experiência com sementes de Arabidopsis que a Universidade de Wisconsin–Madison envia para o espaço, mas desta vez as plantas vão poder crescer com luz, em vez de crescerem no escuro, para que tenham um ambiente tão semelhante ao real quanto possível.

Durante a experiência, os astronautas vão tirar fotografias ao crescimento das plantas usando microscópios. Quando a experiência acabar, os astronautas vão aplicar uma mistura fixante e congelar as plantas para que possam ser enviadas para a Terra tal e qual estavam quando a experiência chegou ao fim.

De volta à Terra, os investigadores vão comparar a expressão dos genes e analisar marcadores de stress nas plantas criadas com e sem gravidade. A equipa de Simon Gilroy espera conseguir perceber se as potenciais anomalias detetadas se devem à falta de oxigénio terrestre ou a outro fator de stress relacionado com o crescimento no espaço.

Este domingo, três novos tripulantes viajaram até à Estação Espacial Internacional — Scott Tingle, da NASA (agência espacial norte-americana), Anton Shkaplerov, da Roscosmos (agência espacial russa) e Norishige Kanai, da Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa. Juntamente com os três tripulantes que já se entravam na EEI — Alexander Misurkin, da Roscosmos, Mark Vande Hei e Joe Acaba, ambos da NASA — vão ser responsáveis por 250 experiências em áreas tão diversas como biologia, ciências da Terra, física, tecnologia e fisiologia humana.

De todas as experiências a bordo, NASA destaca: a demonstração dos benefícios de fabricar filamentos de fibra ótica em microgravidade e a análise de um fármaco e a sua forma de administração para combater a falência muscular no espaço ou nas pessoas acamadas.