Há filmes com camisolas de Natal que provocaram traumas para a vida de quem as veste, postais de Natal em que famílias corajosas usam em conjunto camisolões com a cara de uma rena e um nariz vermelho em pompom que as irá perseguir para o resto dos tempos e uma infinidade de vestimentas natalícias que muita gente questionará se não são colocadas nas prateleiras das lojas apenas para brincar com os clientes. Há isso tudo e depois há também… “holidayoncé”, a coleção cápsula de camisolas de Natal de Beyoncé, que existe para trazer um pouco de esperança ao mundo, qual estrela que cintila sobre Belém.

Que “Queen Bey” se tenha envolvido nisto pelo segundo Natal consecutivo pode significar que chegámos àquele ponto da história da humanidade (ou do grande retalho, pelo menos): se não é possível vencer as camisolas de Natal que inevitavelmente surgem nesta época, juntemo-nos a elas, abracemo-las com o calor que a quadra impõe. E é verdade que de ano para ano vão aumentando as opções, o que explica as montras de lojas como a H&M, a Primark, a Forever 21 ou a Pull&Bear. Está então inaugurado oficialmente o movimento anti-camisolas de Natal feias, para o qual este artigo pretende contribuir com casos concretos.

Feliz Holidayoncé para todos, com merchandising no sapatinho

Em 2016, a aposta de Natal de Beyoncé passou por trocar o termo “I slay” que imprimiu no imaginário pop americano por via dos seus últimos álbuns para a frase “I sleigh all day”. Este ano, as frases de referência nas camisolas de Natal que se vendem na loja oficial da cantora andam ali à volta de trocadilhos com alguma graça: “Have a thicc holiday”, “sis the season” ou o mais auto-explicativo “Beyoncé holiday sweater”.

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A coleção de Beyoncé para o Natal não tem só peças quentinhas. Esta t-shirt custa 40€.

Outra opção é uma camisola com uma fotografia festiva da cantora e a inscrição “holidayoncé” nas costas. E claro que Beyoncé não se ficou pelo pronto-a-vestir: a acompanhar, há bolas para enfeitar a árvore de Natal e até papel de embrulho onde se pode ler “best revenge is your wrapping paper” (em referência a uma frase da música “Formation”, que fala apenas do “papel”, mas no caso mais como metáfora para dinheiro e não para embrulho).

A indústria, como referido em revistas como a Vogue, está à espera que este interesse crescente na potencialidade de reinventar um clássico desperte o espírito criativo-natalício de outras celebridade especialistas naquele tipo de merchandising que se torna referência de moda, como o rapper Kanye West, e que isso provoque uma pequena revolução nas opções de guarda-roupa da época. Já aconteceu a marcas insuspeitas, como a Nintendo, que em 2016 lançou a sua própria camisola de Natal com protagonismo para o Super Mário (que se pode comprar na loja online da Nintendo), e até mesmo a clubes de futebol – não há quase nenhum da Premier League (o campeonato inglês) que não tenha este ano a sua proposta de coleção festiva entre o seu merchandising oficial.

Mas enquanto não há mais celebridades a juntarem-se a esta tendência, há já pelo menos uma outra forma de reunir numa só peça de roupa uma trindade quase tão importante como aquela formada pelos reis magos: música pop, Natal e aquele sentido de moda irónico-com-travo-hipster que salva qualquer herança retro – as camisolas de Natal N’Sync.

Quinze anos após o fim da boy band que integrava Justin Timberlake e no ano em que celebrariam 20 anos de existência, e uma vez que um dos seus momentos míticos foi a gravação de um álbum de Natal e do single “Merry Christmas, Happy Holidays”, a banda anunciou este Novembro uma linha exclusiva de merchandising de Natal.

Foi posta à venda no site oficial, juntamente com a frase no Twitter “podemos estar ‘Gone’, mas continuamos ‘Thinking Of You’, e uma vez que ‘It’s Christmas’ aqui têm uma camisola feia, e esgotou… em poucas horas. Fica a camisola “Santa Bye Bye Bye” como memória deste feito, que ainda se consegue comprar em alguns revendedores online, como a Etsy ou a Amazon.

Nem tudo o que não parece, não é

Quem está nisto das camisolas de Natal só no gozo, ainda não percebeu que o assunto é sério, e que está a chegar às mais altas instâncias – e aos tecidos mais conceituados. Claro que há muitas opções baratas para o vestuário das festividades, mas também há opções daquelas que são para a vida (ou, pelo menos, para usar mais do que uma vez).

A dupla inglesa Chinti & Parker, que se dedica a camisolas de caxemira, tem também uma proposta para o Natal: em vermelho, naquele tecido extrafofo que até pode não apetecer contaminar com cheiro de lareira, e com uma palavra apenas – “Joyeux”. É natalício, mas também não compromete no resto do ano, que é o que se espera de uma camisola que custa mais de 300 libras.

Há outras marcas conceituadas a embarcar no espírito natalício de forma mais discreta, o que é ideal para aqueles apaixonados pelos clássicos de Natal que têm receio de sair do armário. Ou pelo menos têm receio de sair do armário com uma árvore de Natal com luzes LED desenhada na camisola. A Fendi é um desses casos, com camisolas que fazem mais lembrar uma viagem a uma instância de ski, mas que claramente estão ligadas à neve mais imaginária que acompanha a maioria dos natais.

Tudo o que quero no Natal é ter um bocado de graça

Se por esta altura já se sente cheio de coragem para ir comprar uma camisola de Natal que se veja mesmo que é uma camisola de Natal, é bom que saiba que não tem de facilitar. Há muitas – e divertidas – propostas que vão fazer com que as outras pessoas se riam consigo em vez de se rirem de si.

A Topshop, por exemplo, tem uma camisola branca que combina um padrão daqueles chupa-chupas em forma de bengala que toda a gente associa à época de Natal sem saber muito bem porquê. Para quem gosta de cães, a Oasis propõe nesta coleção de Inverno uma camisola preta com um Dachsund em lantejoulas que usa um singelo chapéu de Natal.

Outra hipótese para sobreviver a este Natal com ligeireza é optar pelas melhores frases e pelos melhores trocadilhos. É o caso da proposta da River Island, que aposta num “oh deer”, ou a camisola de Natal da Burton, que segue uma via mais de provocação: “you’re on my naughty list”. Ou seja, não é para oferecer ou exibir a qualquer pessoa, mas será sempre melhor do que ter de passar a quadra vestido com um casaco largo de Pai Natal ou com uma daquelas bandoletes de rena.