O anúncio desta quinta-feira de que Raúl Castro ia deixar a liderança de Cuba teve um significado especial para Miguel Díaz-Canel: é ele quem pode vir a ocupar o cargo a partir de abril de 2018.

A subida de Miguel Díaz-Canel de vice-presidente para presidente cubano vai fazer com que Cuba seja liderada pela primeira vez em seis décadas por alguém que não pertence à família Castro. “Não é um novo rico ou um candidato improvisado”, declarou Raúl Castro na altura em que o apresentou publicamente como vice-presidente cubano.

De 57 anos, Díaz-Canel será (se o for) também o primeiro presidente cubano nascido depois da Revolução Cubana de 1959. Engenheiro, professor e com serviço militar especializado em unidades de mísseis antiaéreos, é descrito como bom ouvinte e sensível aos problemas dos outros.

Raúl Castro anuncia que vai deixar presidência de Cuba em abril

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Primeiro vice-presidente cubano nascido depois da Revolução de 1959

Miguel Díaz-Cane nasceu a 20 de abril de 1960, na província de Villa Clara, em Cuba. Tem 57 anos. É, por isso, o primeiro líder nascido depois da Revolução de 1959 — o movimento armado que culminou com a destituição do ditador Fulgencio Batista e colocou Fidel no poder — a ocupar o cargo de primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, presidido por Raúl Castro. Tal significa que poderá ser também o primeiro presidente cubano pós revolução.

Díaz-Cane ocupa a vice-presidência de Cuba desde 2012. “Não é um novo rico ou um candidato improvisado”, declarou Raúl Castro na altura em que o apresentou publicamente. Mas a sua carreira na política começou muito antes. Mais concretamente em 1987, quando cumpriu uma missão internacional como primeiro-secretário da União de Jovens Comunistas de Villa Clara, de onde é natural.

Em 1993, chegou à liderança da União de Jovens Comunistas do Partido Comunista de Cuba (PCC), em Villa Clara. No ano seguinte, tornou-se primeiro secretário do PCC, também naquela província. Dez anos depois, foi enviado para o mesmo cargo mas para a província de Holguin.

Em maio de 2009, Raúl Castro nomeou-o ministro do Ensino Superior, cargo que ocupou por três anos, até ser nomeado vice-presidente do Conselho de Ministros para a Ciência, Educação, Desporto e Cultura.

Bom ouvinte e sensível aos problemas dos outros

“Veio várias vezes à Casa da Alba (uma instituição cultural em Havana). Sentava-se no chão da varanda, conversava com as pessoas como qualquer um, porque não seguia um protocolo e gosta de ouvir as pessoas“, contou à AFP um funcionário dessa instituição cultural.

O (possível) próximo presidente de Cuba é descrito assim omo bom ouvinte e como alguém que gosta de ouvir os problemas (e se preocupa) das outras pessoas.

Especialista em mísseis antiaéreos, professor universitário e engenheiro

Miguel Díaz-Canel entrou para as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba, onde ficou até 1985. Cumpriu o período obrigatório de três anos de serviço militar em unidades de mísseis antiaéreos.

Antes, em 1982, o atual vice-presidente cubano formou-se em engenharia eletrónica. Foi ainda professor universitário, em Villa Clara, de onde é natural.

Fã de rock e contra o preconceito homossexual

Na altura em que era primeiro secretário do PCC, em Villa Clara, procurou incentivar não só a economia, mas também a cultura. Restabeleceu o Mejunje — um centro cultural frequentado por homossexuais — numa altura de bastante preconceitos.

Nessa altura, também promoveu festivais de rock, um estilo de música que ainda não era politicamente bem visto em Cuba.