A adesão dos trabalhadores dos CTT no segundo dia da greve é de 17%, encontrando-se apenas a loja de Óbidos encerrada, adiantou esta sexta-feira a empresa, salientando que a paralisação não está a ter grande impacto junto da população.

Em comunicado, os CTT indicam que, depois de ter procedido ao registo no sistema de processamento de ordenados dos trabalhadores aderentes à greve nos dois dias, foi apurada uma taxa média de adesão de apenas 17%, a mesma alcançada na quinta-feira e que contraria, mais uma vez, os números avançados pelos sindicatos, que dão conta de 80%.

Na nota, a empresa indica que a “distribuição postal continua a ser prestada durante o dia de hoje [sexta-feira], não tendo esta paralisação cumprido o seu objetivo de interromper o serviço aos clientes”.

No que diz respeito às lojas, na quinta-feira estavam encerradas duas, na Madeira e em Óbidos. Esta sexta-feira só esta última está fechada devido à paralisação.

Das 608 lojas CTT, apenas uma aderiu à greve, destaca a empresa, salientando que a maioria da população não deverá sentir os efeitos da ação de protesto.

“Nos locais onde eventualmente se sentirem constrangimentos, os CTT, caso seja necessário, procederão a uma distribuição extraordinária de correio este sábado, 23 de dezembro”, adianta ainda a empresa.

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Sexta-feira de manhã, Vítor Narciso, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), adiantou à Lusa que a adesão no segundo dia de greve dos trabalhadores dos CTT nos três turnos da noite rondou os 80% nas centrais de Lisboa, Porto e Coimbra.

Na quinta-feira, o presidente dos CTT, Francisco Lacerda, justificou numa audição no parlamento a necessidade de reduzir pessoal com a “queda acentuada” do correio tradicional, com a digitalização, o que considerou que “poderá agravar-se nos próximos anos com a digitalização dos serviços governamentais”, e considerou que com o plano de reestruturação anunciado a empresa continuará sustentável e sem degradação do serviço prestado.

Francisco Lacerda recusou ainda falar em despedimentos, referindo que o que estão em causa são saídas naturais de trabalhadores (por reformas), processos de rescisão por mútuo acordo e o não prolongamento de contratos a termo.

Na terça-feira os CTT, que empregam 12 mil trabalhadores, dos quais cerca de sete mil são da área operacional (rede de transportes, distribuição e carteiros), divulgaram um plano de reestruturação que prevê a redução de cerca de 800 postos de trabalho nas operações da empresa ao longo de três anos, devido à queda do tráfego do correio.

De acordo com o SNTCT, a Comissão Executiva dos CTT informou os representantes dos trabalhadores de que pretende reduzir o número de trabalhadores, entre 600 e 700, durante os próximos três anos, com especial incidência em 2019 e 2020.

A paralisação foi também convocada pelo Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (SINDETELCO), filiado na UGT.

Os CTT – Correios de Portugal, que foram completamente privatizados em 2014, tiveram lucros de 19,5 milhões de euros até setembro deste ano, menos 57,6% dos 46 milhões de euros conseguidos nos primeiros nove meses de 2016.