O diretor executivo para a América da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch lamentou o perdão concedido ao ex-presidente peruano Alberto Fujimori, considerando que é o resultado de uma “vulgar negociação política”.

“Em vez de reafirmar que num estado de direito não há tratamento especial para ninguém, ficará para sempre a ideia de que a sua libertação foi uma vulgar negociação política em troca da permanência de @ppkamigo (Kuczynski) no poder”, escreveu José Miguel Vivanco na sua conta de Twitter.

O Presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, anunciou que concedeu perdão humanitário ao antigo chefe de Estado, Alberto Fujimori, condenado a uma pena de 25 anos de prisão por abuso de direitos humanos e corrupção.

Numa nota oficial divulgada no domingo à noite, lê-se que “o Presidente do Peru, usando os poderes que lhe são conferidos pela Constituição, decidiu conceder perdão humanitário a Alberto Fujimori e a outros sete presos”.

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Alberto Fujimori, de 79 anos, já havia pedido o perdão em meados deste mês devido ao seu estado de saúde debilitado.

Segundo o comunicado agora emitido pela Presidência do Peru, uma junta médica avaliou a situação e verificou que Alberto Fujimori sofre de “uma doença progressiva, degenerativa e incurável”.

A mesma estrutura considerou que as condições que o antigo governante tinha na prisão significariam um risco grave para a sua vida, saúde e integridade.

No sábado, Alberto Fujimori foi transferido da prisão, onde cumpre uma pena de 25 anos de cadeia, para uma clínica da capital, Lima, devido a tensão arterial baixa e arritmia, anunciou o seu médico.

Na passada quinta-feira, o chefe de Estado evitou a destituição pelo Congresso, com os votos de abstenção do deputado Kenji Fujimori e de outros nove parlamentares do partido Força Popular, o que foi considerado o início de uma aliança a favor do indulto para Alberto Fujimori.

A Força Popular, liderado pela filha mais velha do ex-Presidente Keiko Fujimori, tinha anunciado que iria votar a favor da destituição de Kuczynski, assim como outros grupos políticos da oposição.

Nesse dia, a presidente do Conselho de Ministros, Mercedes Aráoz, afirmou que o governo não negocia indultos e rejeitou ter recebido um pedido de indulto de Fujimori.