No passado sábado, dia 23, Ruy Pereira, embaixador do Brasil em Caracas, foi declarado persona non grata pela Assembleia Constituinte da Venezuela — medida que implicará a sua expulsão do país.

Esta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil decidiu retaliar e anunciou que Gerardo Antonio Delgado Maldonado, o encarregado de negócios venezuelano em Brasília e, na ausência de embaixador, o principal diplomata de Caracas naquele país, também será impedido de permanecer no país.

A medida surge na sequência da crise diplomática que se iniciou em 2016, aquando do impeachment da então presidente brasileira Dilma Rousseff, e que tem escalado à custa das más relações entre Nicolás Maduro e Michel Temer — e que levaram já à expulsão da Venezuela do Mercosul.

Apesar de o anúncio oficial do governo venezuelano a dar conta da expulsão do embaixador ainda não ter chegado ao país vizinho, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil decidiu, face as declarações públicas de Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, avançar para a expulsão de Maldonado.

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“No âmbito da competência da Assembleia Constituinte, decidimos declarar como persona non grata o embaixador do Brasil até que se restitua o fio constitucional que o governo de facto rompeu neste país-irmão”, anunciou a presidente do organismo.

Para além de Ruy Pereira, na antevéspera de Natal, foi também expulso o embaixador canadiano na Venezuela, Craib Kowalik. Ambos os países foram acusados por Delcy Rodriguez de “permanente e grosseira intromissão nos assuntos internos da Venezuela”.

“Os canadianos não ficarão à margem enquanto o governo da Venezuela retira ao seu povo os direitos fundamentais democráticos e humanos, e lhes nega acesso à assistência humanitária básica”, disse Chrystia Freeland, ministra canadiana das Relações Exteriores. Que classificou ainda a expulsão de Kowalik como uma medida “típica do regime de Maduro, que tem minado todos os esforços para restaurar a democracia e ajudar o povo venezuelano”.