O líder do partido Cidadãos para a Inovação da Guiné Equatorial (CI, oposição), Gabriel Nsé Obiang Obono, disse hoje que centenas de militantes da sua formação estão a ser detidos, com alguns deles a serem submetidos a tortura.
Em declarações por telefone à agência espanhola EFE, Gabriel Obono disse que pelo menos 45 militantes do CI foram detidos na sede do partido, cercada por militares e polícia da Guiné-Equatorial desde o início da tarde de quinta-feira. Outros 50 apoiantes do partido foram detidos na cidade de Bata, localidade costeira na região Noroeste do país. Centenas de outras terão sido detidas “por motivos desconhecidos” nas ruas, afirmou.
A agência Lusa tentou falar com Gabriel Obono e com o coordenador do partido, Mariano Ona, mas não conseguiu estabelecer contacto.
O líder do CI continua detido no interior da sede partidária, nos arredores da capital, Malabo, juntamente com outros altos responsáveis da formação. Obono relatou à EFE que as condições no interior da sede do CI “são péssimas” – sem água, comida ou contacto com as famílias.
A sede do partido é uma vivenda com muros altos na periferia de Malabo, numa zona degradada da capital, à qual se pode aceder apenas por uma rua, agora cortada pelos militares.
A seu lado, contou Obono, está também o único deputado da oposição eleito nas eleições parlamentares de 12 de novembro, Jesús Motogo Oyono. As eleições parlamentares de novembro foram ganhas, sem surpresa, pelo partido atualmente no poder, o Partido Democrático da Guiné Equatorial, que conquistou 149 dos 150 lugares nas duas câmaras do Congresso.
Também na passada quinta-feira, as autoridades de Guiné Equatorial disseram ter frustrado um golpe de Estado contra o presidente do país, Teodoro Obiang Nguema, supostamente encabeçado por un general e orquestrado pelo líder do Cidadãos para a Inovação, Gabriel Obono.
“Não sabemos nada de um golpe de Estado, tanto eu como os militantes. É uma completa montagem”, disse Obono à EFE.
Obono apelou, por isso, à comunidade internacional para que indique “um mediador credível, antes que aconteça o pior”.
A Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O Partido Democrático da Guiné-Equatorial é liderado por Teodoro Obiang, Presidente da Guiné Equatorial desde 1979. O seu Governo tem vindo a ser acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.