Até aos últimos meses, as negociações sobre as alterações climáticas giravam à volta de uma expectável subida da temperatura de dois graus até 2100. Mas a grande maioria dos estudos e projeções realizados no último ano aponta para um número diferente: três graus. E se até 2100, a temperatura subir três graus, dezenas de cidades pelo mundo inteiro ficarão completamente submersas. O The Guardian construiu um artigo interativo em que apresenta algumas das cidades que se vão tornar “Atlântidas” e estima que 275 milhões de pessoas vão ficar desalojadas.

Osaka, no Japão, é um dos casos mais preocupantes. Com uma subida de temperatura de três graus, a principal cidade comercial japonesa praticamente desapareceria. A economia do país iria sofrer um tremendo rombo e um terço da população de Osaka ficaria sem casa. Tal como várias cidades japonesas, Osaka tem uma rede de barreiras marítimas e outras infraestruturas costeiras para prevenir eventuais subidas do nível das águas do mar. Que podem não chegar.

Uma subida das águas em meio metro iria destruir também as praias de Alexandria, no Egito, e deixar oito milhões de pessoas sem sítio para dormir. Um aumento da temperatura mundial de três graus teria um impacto muito maior. Ainda assim, a maior parte dos egípcios não sabe o que são as alterações climáticas e não tem qualquer tipo de noção do risco que as suas cidades correm nas próximas décadas. Magdy Allam, líder do sindicato dos especialistas ambientais árabes, cita um muro construído em 1830 e blocos de cimento como os principais meios de defesa do país.

Mas os desastres iminentes em Osaka e Alexandria não se comparam à magnitude daquele que pode acontecer em Xangai, na China. A cidade piscatória tem o rio Yangtze numa fronteira e é dividida ao meio pelo rio Huangpu; além disso, é constituída por várias ilhas, duas longas linhas costeiras, portos e vários quilómetros de canais e hidrovias. Se a temperatura subir três graus, Xangai desaparece. E leva consigo 17.5 milhões de chineses. Considerada desde 2012 a cidade mais vulnerável às alterações climáticas, tem debaixo de si o maior sistema de drenagem em toda a China: são 15 quilómetros de tubos que absorvem a água numa área de 58 quilómetros quadrados.

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