O ministro dos Negócios Estrangeiros pediu esta quarta-feira maior atenção da diplomacia portuguesa à cooperação da sociedade civil da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vez de se focar apenas “nos irritantes ou nos elementos positivos” da concertação político-diplomática.

Augusto Santos Silva defendeu que “a CPLP funciona e tem funcionado muito bem na concertação político-diplomática: tem constituído um quadro favorável para a cooperação multilateral ou bilateral, mas é também um chapéu que dá força a uma cooperação que hoje se faz a muitos níveis da sociedade civil, entre as polícias, entre os tribunais, universidades, escolas, desporto, agentes culturais”.

O ministro falava na abertura do seminário diplomático, encontro anual entre diplomatas portugueses, governantes, empresários e representantes de universidades e organizações, que decorre até quinta-feira em Lisboa.

“A nossa diplomacia tem de estar mais atenta a isto, para não ficarmos apenas focados nos irritantes ou nos elementos positivos da simples concertação político-diplomática”, sustentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o ministro, “continua a ser necessário fazer, para a opinião pública portuguesa, a pedagogia do que é a CPLP”, recordando que a base principal é a partilha da língua, de que “necessariamente decorrem uma série de aproximações e de ligações”.

Neste ano, Santos Silva identificou vários “marcos e possibilidades”, como a realização da próxima cimeira, que terá lugar em Cabo Verde, país que assumirá depois a nova presidência ‘pro tempore’ da organização lusófona.

Além disso, os nove membros da CPLP estão comprometidos com o cumprimento da nova visão estratégica aprovada na última cimeira, em Brasília, e com o plano de Díli para a promoção da língua portuguesa.

Por outro lado, o governante identificou como uma “oportunidade muito importante” a cooperação multilateral no quadro da agenda do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Agenda 2030), em particular em torno do objetivo 14, que diz respeito aos oceanos, já que todos os membros da CPLP são países marítimos. O cumprimento da Agenda 2030 foi definida pela presidência brasileira da comunidade, que decorre atualmente.

Santos Silva recordou ainda as propostas já apresentadas, por Portugal e Cabo Verde, para intensificar as condições de circulação e mobilidade no interior da CPLP.

O governante considerou ainda que Portugal tem “indiretamente enriquecido o espaço lusófono também com a crescente atenção a outros países africanos e outros países latino americanos” para além dos membros da CPLP.

A valorização da CPLP é identificada pelo Governo como um dos traços essenciais da política externa portuguesa.