Já depois do debate na RTP, Rui Rio e Pedro Santana Lopes deram entrevistas a diferentes órgãos de comunicação. A do portuense só é publicada no sábado e a do lisboeta na segunda-feira, mas já há antecipações. Rio, na entrevista ao Público e à Renascença, revela que “não gostou do debate” e avisou que também sabe fazer “truques.” Já Santana Lopes, em entrevista ao Expresso, acredita que vai ter “condições para fazer desta vez” como primeiro-ministro o que não pôde em 2004 e quer tornar Portugal na “nova Finlândia” através da aposta na inovação.

Começando por Rui Rio, o portuense admite que o debate de quinta-feira à noite — em que a vitória é atribuída pela maioria da imprensa e dos comentadores a Santana Lopes — não foi foi do seu agrado: “Eu não gostei do debate. E se eu tenho entrado na mesma tática que entrou o meu adversário, qual seria a imagem que o PSD tinha dado ao país?”

Rui Rio acusa ainda, na mesma entrevista ao diário, Santana de ter feito durante o debate uma “série de ataques pessoais, uns mentiras, outros meias verdades, outros verdades”. O portuense fez ainda um paralelo ao duelo que opôs António Costa e António José Seguro antes das primárias no PS, em setembro de 2014 e ainda lamentou: “Isso entristece-me porque eu fui para ali debater os problemas do país, do PSD”. Quanto ao modelo dos debates, Rio adverte que “têm muitos fait-divers“. E acrescenta:”Os debates, seja onde for, na América ou na Europa, têm truques. Eu também sei fazer esses truques”.

Já Santana Lopes, na parte da entrevista que o Expresso disponibilizou, acredita que vai ter o “voto direto” dos portugueses para ser primeiro-ministro, o que — ao contrário de 2004 — lhe vai dar condições para executar o programa de Governo em que acredita.

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O antigo primeiro-ministro revelou que está “desejando” um debate com o primeiro-ministro, elogiou Marcelo (incluindo o facto de ser “solidário” com o Governo de Costa) e acredita que o CDS não vai crescer mais em termos eleitorais. Santana adverte ainda António Costa que considera “inaceitável que o Governo diga que parte da responsabilidade dos encargos com as promessas aos professores fica para a próxima legislatura sem haver um acordo com os outros partidos.” O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa diz ainda que quer fazer do PSD um “case study”.

“Todas as meias verdades são piores que mentiras”

Rui Rio voltaria a falar sobre o assunto esta sexta-feira à noite à entrada para um jantar com militantes em Terrugem, Sintra (Lisboa), dizendo que faz uma análise “mais negativa do que positiva” do primeiro debate com Santana Lopes. Rio acrescentou, citadado pela Lusa, que “vivemos uma época de um certo desprestígio da classe política, tenho consciência de que, se na primeira parte do debate tenho entrado da mesma forma que o meu adversário, teria sido o descalabro em termos de prestígio, teria prejudicado o partido e teria desrespeitado até o cargo a que ambos nos estamos a candidatar”. O candidato e antigo autarca do Porto disse esperar que Pedro Santana Lopes “não volte a cair no erro” de entrar num debate que classificou de “ataques pessoais”, de “meias verdades e até mentiras”.

“Todas as meias verdades são piores que mentiras”, afirmou, sublinhando que também sabe fazer “este tipo de truques” mas não entrará por esse caminho nos próximos debates, marcados para dia 10, na TVI, e dia 11, organizado em conjunto por Antena Um e TSF. Questionado se irá manter a sua estratégia, Rio respondeu afirmativamente: “Vou, apesar de haver muitas pessoas que me pedem ‘faz-lhe o mesmo’, e não é difícil fazer o mesmo”.