Várias centenas de carros estiveram 18 horas bloqueados na autoestrada AP-6, às portas de Segovia (cerca de 85 quilómetros a norte de Madrid), perante a incapacidade de resposta dos limpa-neves. O nevão que caiu sobre a zona central do território espanhol coincidiu com a viagem de milhares de espanhóis para a celebração do dia de Reis e gerou o caos em algumas estradas no país. Num momento em que os condutores já receberam o apoio das autoridades, o cenário para as próximas horas é de uma melhoria das condições do tempo.
As fotografias e vídeos foram enchendo as redes sociais a partir das últimas horas de sábado, com muita indignação à mistura. “Autoestradas privatizadas construídas com o dinheiro público, quando falham é o Exército quem acode… mas quando é preciso cobrar portagens são as empresas privadas”, escreve um dos espanhóis apanhados pelo nevão, com a hashtag #nevadas (nevão) a reunir dezenas de publicações no twitter.
Autopistas privatizadas construidas con dinero público, rescatadas con dinero público, cuando se colapsan acude el ejército…pero cuando hay que cobrar peaje son las empresas privadas #Nevadas #nevada A6 pic.twitter.com/7uWOt1Rnrp
— Alberto Cubero (@cubero_alberto) January 7, 2018
A Unidade de Militar de Emergência foi um dos organismos chamados ao terreno para desimpedir as estradas ocupadas por centenas de carros incapazes de libertar-se da neve — muitos dos quais, é possível ver nas imagens publicadas, não estavam equipados com correntes de ferro. Em plena época festiva, estiveram 250 profissionais e 100 veículos a trabalhar para resolver o impasse.
#Nevadas Tras horas atrapados, la comprensión y amabilidad de los españoles son un ejemplo. Muchas gracias a todos por mostrarnos vuestro aprecio. Sois nuestra razón de ser ???? pic.twitter.com/SYqJDGmRsE
— UME (@UMEgob) January 7, 2018
Ao referir-se ao caos nas estradas espanholas, o ministro das Obras Públicas anunciou a abertura de um inquérito à Iberpistas, empresa responsável pela gestão daqueles equipamentos, para avaliar a resposta à situação de emergência. Íñigo de la Serna também garantiu que estará no congresso para prestar esclarecimentos sobre a situação, mas aproveitou para apontar parte da responsabilidade aos próprios condutores.
A falta de equipamento dos condutores foi, precisamente, o argumento que a Direção-geral de Tráfego apontou para assinalar a responsabilidade de quem saiu a rua sem acautelar as condições do tempo. “Sabia-se com perfeitamente e com antecedência que o nevão ia cair”, disse o diretor-geral do organismo público, Gregorio Serrano. “Muitos carros viajavam sem correntes”, concretizou.
O argumento não retirou pressão de cima do Governo. Também no Twitter, o secretário-geral do Partido Socialista espanhol assinalou a “falta de coordenação dos membros do Governo de Mariano Rajoy, comunidade de Madrid e da comunidade de Castela e Leão”.
❄ La falta de coordinación entre los gobiernos de @marianorajoy, @ComunidadMadrid y @jcyl han convertido los sueños, que anunciaba @ccifuentes, en pesadillas para cientos de personas que intentaban volver a sus hogares #AP6 #NEVADA https://t.co/v2essCKJZ5
— José Manuel Franco /❤ (@conJoseMFranco) January 7, 2018
Um comentário no mesmo sentido já tinha sido publicado na conta do PSOE, em que se exigia “responsabilidades” pelo caos que se viveu em algumas estradas do país este fim-de-semana. A alimentar o coro de críticas, a bancada parlamentar do Cuidadanos exigiu a presença — entretanto, já assegurada — dos membros do Governo responsáveis pelas Obras Públicas e pela Administração Interna. O partido quer explicações para o caos registado nalgumas estradas e autoestradas, especialmente a AP-6, devido ao temporal de neve.
A meio da tarde deste domingo, a situação começava, finalmente, a normalizar. A AP-6 tinha sido desbloqueada e a previsão do tempo para as horas seguintes anunciava uma acalmia das condições atmosféricas.