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Os 33 minutos que explicam o legado que Pedroto deixou num clube (a crónica do FC Porto-V. Guimarães)

Este artigo tem mais de 5 anos

O FC Porto nunca esteve em desvantagem na Liga e perdia ao intervalo com o V. Guimarães antes de uma segunda parte arrasadora (4-2) no dia em que se homenageou o 33.º aniversário da morte do "mestre".

Brahimi coroou o 100.º jogo na Liga com um golo de antologia que carimbou a reviravolta no marcador
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Brahimi coroou o 100.º jogo na Liga com um golo de antologia que carimbou a reviravolta no marcador

AFP/Getty Images

Brahimi coroou o 100.º jogo na Liga com um golo de antologia que carimbou a reviravolta no marcador

AFP/Getty Images

Até ao intervalo, esta crónica tinha tudo para entrelaçar histórias: ou era pelo golo de Raphinha que, ainda antes de se estrear em Alvalade (o negócio estará praticamente concluído, embora só deva ser consumado no final da época), já podia estar a ganhar créditos pelo Sporting; ou era pelos penáltis pedidos sobre Marega, o avançado que estava a defrontar a equipa pela qual renasceu na Liga no ano passado; ou era pela improbabilidade estatística da pior defesa do V. Guimarães nos últimos anos ter conseguido anular o segundo melhor ataque caseiro da Europa. Mas, como em todos os jogos, há sempre aqueles 15 minutos de descanso. A partir daí, tudo mudou.

No dia em que o FC Porto homenageou José Maria Pedroto, que faleceu há 33 anos, a atuação dos dragões na segunda parte acabou por ser o melhor exemplo do legado que o mestre deixou no clube. Ou, para facilitar, aquilo que hoje em dia se chama de “mística à FC Porto”: aquela agressividade (no bom sentido) de chegar primeiro a todas as bolas, aquela capacidade de dar sempre mais um bocado mesmo quando se atingiu o limite, aquela mentalidade vencedora que transforma tudo o que possa ser negativo em argumentos positivos e motivadores. E esta equipa de Sérgio Conceição, a equipa que o próprio técnico diz que quer ganhar mesmo que lute contra tudo e contra todos, tem muito desse ADN que marcou as últimas décadas azuis e brancas.

“Há 33 anos, José Maria Pedroto perdia a batalha com a doença e morria aos 56 anos. O corpo ficou em câmara ardente nas Antas, onde o presidente Pinto da Costa velou o amigo até ao dia seguinte. Pedroto foi sepultado no mausoléu do FC Porto, após cerimónias fúnebres acompanhadas por milhares de pessoas – a manchete do ‘Jornal de Notícias’ (“Chora futebol, que o mestre morreu”) era bem elucidativa do modo como os portistas (e não só) viveram esse dia. O legado de José Maria Pedroto – que dá nome ao Auditório do Estádio do Dragão – mantém-se bem vivo, sendo reconhecido o seu decisivo papel no lançamento das bases do FC Porto moderno”, recordou o clube na newsletter Dragões Diário deste domingo.

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Ficha de jogo

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FC Porto-V. Guimarães, 4-2

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

FC Porto: José Sá; Ricardo Pereira, Diego Reyes, Marcano, Alex Telles; Danilo, Óliver Torres; Corona (Hernâni, 67′), Brahimi (Layún, 81′), Marega (Soares, 84′) e Aboubakar

Suplentes não utilizados: Casillas, Maxi Pereira, André André e Sérgio Oliveira

Treinador: Sérgio Conceição

V. Guimarães: Douglas; Víctor García, Jubal, Marcos Valente, Konan; Rafael Miranda, Francisco Ramos (Fábio Sturgeon, 67′); Heldon, Hurtado (Kiko, 86′), Raphinha (Rincón, 80′) e Tallo

Suplentes não utilizados: Miguel Silva, Moreno, João Aurélio e Rafael Martins

Treinador: Pedro Martins

Golos: Raphinha (22′), Aboubakar (57′), Brahimi (62′), Marega (79′ e 83′) e Heldon (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rafael Miranda (35′), Hurtado (41′) e Marcos Valente (74′)

Se, no primeiro tempo, o V. Guimarães ainda conseguiu manter-se no jogo e inclusive chegar à vantagem, na segunda parte foi atropelado por um rolo compressor que, após corrigir alguns posicionamentos e movimentos no plano ofensivo, “foi FC Porto” na génese dessa cultura, sobretudo entre os 33 minutos que mediaram a primeira grande defesa de Douglas (50′) e o quarto golo do triunfo por 4-2 (83′). E assim assegurou a liderança da Liga no final da primeira volta, com 14 vitórias e três empates em 17 jogos e 45-9 entre golos marcados e sofridos.

Mas, mesmo não tendo grande história, e até pelas residuais oportunidades de golo que os dois conjuntos criaram, a primeira parte acabou por ter várias histórias para contar. Cada um à sua maneira, claro.

A primeira parte teve a história de um V. Guimarães que, com uma organização coletiva quase exemplar, conseguiu esconder aquela que tem sido a principal pecha na temporada (a defesa), anulando na maioria das vezes as principais fontes de perigo dos dragões e tentando, amiúde, sair em transições rápidas. Foi num lance com essa tipologia que Raphinha, aos 22′, inaugurou o marcador após cruzamento de Victor Garcia da direita.

A primeira parte teve a história de um FC Porto que até criou um lance de relativo perigo ainda dentro do primeiro minuto (Douglas conseguiu sair e afastar de forma atabalhoada uma bola lançada em profundidade para Marega) mas que enfrentou bem mais dificuldades do que é normal em acertar o derradeiro passe no último terço, sendo também consumido pelas emoções entre os lances em que foi protestando grande penalidade por agarrões na área a Marega (o primeiro, de Jubal, aos 8′, foi o mais ostensivo de todos mas Soares Dias mandou seguir).

A primeira parte teve a história de um jogo de qualidade em termos táticos, pela forma como o V. Guimarães ia anulando os espaços que o FC Porto tentava criar, nem sempre bem jogado mas com assinalável intensidade e entrega e sempre com os nervos à flor da pele, muito por culpa também do último encontro dos dragões em Santa Maria da Feira e consequente rescaldo de um triunfo com muitas queixas dos azuis e brancos.

Pela primeira vez na presente temporada, o FC Porto estava em desvantagem na Liga. E era preciso recuar 30 anos para se ver uma vantagem vimaranense fora contra os dragões. No entanto, os 15 minutos de intervalo mudaram por completo as características do jogo. Como? 1) A intensidade que os azuis e brancos conseguiram colocar nas ações ofensivas, em transição ou ataque organizado; 2) A capacidade de pressionar alto que asfixiou por completo a saída de bola do adversário (Danilo surgiu várias vezes à entrada da área vimaranense); 3) A eficácia no último passe, com os corredores laterais a funcionarem para assistir os dois avançados da equipa.

Marega, com um remate de fora da área, e Óliver Torres (a principal surpresa de Sérgio Conceição neste jogo, voltando à titularidade na Liga quatro meses depois), numa segunda bola após um cabeceamento falhado, deram os primeiros sinais de que algo estava a mudar. Aos 50′, no seguimento de um cruzamento da direita de Corona, Aboubakar obrigou Douglas a uma defesa fantástica, mas foi a partir daí que se acentuou a viragem. O empate chegaria pouco depois, com o camaronês a responder da melhor forma a nova assistência do mexicano (57′).

O V. Guimarães estava completamente perdido e nem do meio-campo conseguia passar, fosse em transições, fosse em ataque apoiado. E foram-se sucedendo os erros e a permeabilidade que faz da defesa vimaranense uma das que mais golos sofrem nos últimos anos. Exemplo? O 2-1, apontado por Brahimi. O lance em si é mais um hino ao futebol do mágico argelino, que celebrou o 100.º encontro no Campeonato com um golo de antologia após uma finta no espaço de uma cabine telefónica, mas os jogadores minhotos foram demasiado macios na abordagem ao lance (62′).

O Dragão estava em completo delírio com a reviravolta no marcador, mas o FC Porto soube perceber que, se havia altura para “matar” o jogo era aquela, mantendo o pé no acelerador com a ajuda de Hernâni, um ala que veio conferir a velocidade e dinâmica que já começava a faltar no corredor direito. Seria mesmo daí que nasceriam os dois golos de Marega, o mais rematador do encontro que apenas teve a recompensa no último quarto de hora: primeiro de cabeça, após cruzamento de Hernâni (79′); depois com o pé direito, a aparecer ao primeiro poste para desviar um cruzamento rasteiro do lateral Ricardo Pereira (83′).

A desvantagem passou a goleada em menos de 30 minutos, mas cada uma das equipas levaria ainda uma lição para mais tarde recordar: o V. Guimarães, que quando subiu linhas e conseguiu fazer uma verdadeira zona de pressão na saída de bola dos dragões, recuperou a posse e deu a Heldon a possibilidade de reduzir para o 4-2 final (88′), perecebeu que muitas vezes a melhor defesa pode também passar pelo ataque; o FC Porto, que tinha o jogo mais do que controlado, deslumbrou-se com os “olés” que se ouviam na bancada, facilitou e acabou por sofrer, teve a prova de como qualquer momento de desconcentração pode trazer maus resultados.

No final, os dragões provaram, sobretudo, o porquê de liderarem o Campeonato com apenas três empates (Sporting, Desp. Aves e Benfica). E mostraram, em paralelo, o segredo para estarem nessa posição no final da primeira volta. A quantidade pode não ser muita (veremos o que acontecerá neste mercado de inverno), a qualidade está lá toda, mas é assente na atitude, no compromisso e na entreajuda que os azuis e brancos se mantêm no topo.

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