Os ativos problemáticos na banca estão cair, mas continuam a representar cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) português, avisa esta segunda-feira a Fitch. A agência de notação financeira sublinha a fraca qualidade dos ativos e da rentabilidade que ainda impede o rating de alguns dos principais bancos portugueses de subir para o nível de investimento.

A Fitch reviu em alta a dívida pública portuguesa em dezembro, subindo a nota em dois escalões. A nota de alguns bancos também foi melhorada e a agência até admite voltar a fazê-lo, à boleia da recuperação do quadro económico, em particular com a redução do desemprego e a retoma do valor dos imóveis, que vão reduzir o crédito malparado. Mas nem tudo é positivo, a agência prevê uma desaceleração do crescimento para 2018, face aos 2,6% previstos estimados para o ano passado e diz que a banca ainda tem uma herança pesada para resolver nos seus balanços.

Numa análise com o título: Bancos portugueses, um trabalho em progresso, a Fitch reconhece que os indicadores fundamentais do crédito melhoraram em 2017 e que os bancos captaram cinco mil milhões de euros em novo capital, quase todo foi para a Caixa Geral de Depósitos. O rácio de capital, o TIER 1, reforçou-se de forma substancial para 12,4% em julho, contra 9,5% no ano anterior.

No entanto, os ratings continuam sob pressão por causa da fraca qualidade dos ativos e a baixa rentabilidade. Os empréstimos problemáticos, oriundos sobretudo do setor empresarial, estão em queda, mas ainda atingem 25% do PIB, e continuam a penalizar os resultados dos bancos. A Fitch admite que a revisão da legislação de insolvências para acelerar a reestruturação da dívida, liquidação e fecho de empresas, poderá inverter a situação a médio prazo.

Ainda assim, o grau de cobertura do crédito em incumprimento é baixo para padrões europeus, está abaixo dos 50% da perda na maioria dos bancos portugueses, não obstante o esforço de reforço de provisões feito nos últimos anos. E apesar de algum apetite por parte dos investidores institucionais pelos ativos problemáticos da banca nacional, os bancos vão ter de prosseguir com o reconhecimento de imparidades nos seus ativos de forma a satisfazer as exigências de rentabilidade dos mercados.

A somar ao problema das perdas no crédito, a maioria dos bancos está a promover políticas agressivas de cortes de custos para regressar aos lucros.

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