O papa Francisco lamentou esta segunda-feira que a família seja considerada no Ocidente como uma instituição desatualizada e considerou ser urgente a adoção de políticas efetivas de apoio. O pontífice falava durante o encontro anual com os diplomatas acreditados na Santa Sé.

É sabido como a família, sobretudo no Ocidente, é considerada, infelizmente, uma instituição ultrapassada. Em vez da estabilidade de um projeto definitivo, preferem-se hoje ligações fugazes”, disse o papa, adiantando que “não se mantém de pé uma casa construída sobre a areia de relacionamentos frágeis e volúveis”.

O papa defende que “é preciso a rocha, sobre a qual assentar bases sólidas. E a rocha é precisamente aquela comunhão de amor, fiel e indissolúvel, que une o homem e a mulher”. Na sua intervenção, o papa disse ser urgente que se adotem políticas efetivas de apoio à família, considerando que é dela que depende o futuro e o desenvolvimento dos Estados.

“Sem ela, de facto, não se podem construir sociedades capazes de enfrentar os desafios do futuro. E a falta de interesse pela família traz consigo outra consequência dramática — particularmente atual nalgumas regiões — que é a queda da natalidade”, alertou o pontífice.

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Segundo o papa, “vive-se um verdadeiro inverno demográfico”, sinal de sociedades que “sentem dificuldade em enfrentar os desafios do presente, tornando-se, por conseguinte, cada vez mais temerosas do futuro e acabando por se fechar em si mesmas”.

Jorge Bergoglio lembrou ainda a situação de famílias “dilaceradas por causa da pobreza, das guerras e das migrações”. “Aos nossos olhos, depara-se demasiadas vezes o drama de crianças cruzando sozinhas os confins que separam o sul do norte do mundo, frequentemente vítimas do tráfico de seres humanos”, disse.

Na audiência com membros do corpo diplomático acreditados junto da Santa Sé, Francisco destacou ainda a sua presença “como peregrino” em Portugal, entre os dias 12 e 13 de maio do ano passado, e a forma como foi recebido e como as pessoas viveram aqueles momentos. “Desloquei-me a Portugal como peregrino, no centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, para celebrar a canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto. Pude constatar a fé, cheia de entusiasmo e alegria, que a Virgem Maria suscitou na multidão de peregrinos que então lá se reuniu”, disse.