Charles Manson, o assassino e líder de um dos mais conhecidos cultos do mundo, morreu com 83 anos em novembro de 2017, quase 50 anos depois de ter orquestrado o assassinato de 9 pessoas em julho e agosto de 1969, entre as quais a atriz Shanon Tate, que se encontrava grávida. Poucos meses depois da sua morte, um suposto filho, o neto e um ‘pen pal’ lutam pelo direito ao legado do criminoso. Em disputa estão não só o corpo e as posses do líder da ‘Família’, mas sim toda a ‘marca’ Charles Manson.

Segundo a Associated Press, o tribunal de Los Angeles vai tentar decidir esta quinta-feira quem detém os direitos daquilo que diz respeito a Charles Manson. “Achamos que Manson vale mais do que pensam”, disse o agente de Matt Lentz, um dos homens que lutam pelos direitos, à AP. Lentz, músico, afirma ser filho de Manson, que terá violado a sua mãe biológica numa orgia, e diz possuir um testamento de janeiro de 2017 que o criminoso terá entregado a um amigo e no qual Lentz é tido como beneficiário da herança.

Charles Manson, o assassino mais infame do mundo, morreu. Tinha 83 anos, passou os últimos 46 na prisão

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Se esse testamento for válido sobrepõe-se a um outro testamento de Manson, escrito em 2002 e arquivado em Kent County pelo ‘pen pal’ do assassino, Michael Channels. Nesse documento o criminoso alegadamente deserda os filhos biológicos Michael Brunner, que não mostrou qualquer tipo de pretensões à herança, e Charles Manson Jr., declarando Channels como executor e herdeiro.

No entanto, Lentz, que foi adotado em recém-nascido, questiona a validade do testamento que possui, o qual diz parecer “bastante genérico, como se o tivessem tirado da internet ou algo do género”, confessou à AP. Além disso, “não teve as três testemunhas que são requeridas na Califórnia, só teve uma.”

O músico, cujo nome artístico é Matthew Roberts, quer que se realize um teste de ADN aos restos mortais de Manson para comprovar a relação entre ambos. A sua mãe adotiva, Joanne Lentz, vê as semelhanças entre ambos, referindo que “Matthew tem um cabelo negro longo e é músico” tal como Manson, disse à AP. “Já viram uma fotografia do meu Matthew? Eles são parecidos, mas no que toca a ADN não sei”.

No que a ADN diz respeito, esse está do lado de Jason Freeman. Freeman tem documentos que comprovam que é filho de Charles Manson Jr., que por sua vez era filho de Manson e da sua primeira mulher, Rosalie Willis. A seguir a Brunner, Freeman é o herdeiro direto do famoso assassino — a não ser que se prove que Lentz é filho de Manson.

As pretensões de Freeman são apoiadas por John Michael Jones, um associado de Manson que assegura que o antigo líder de culto se recusou a deixar um testamento e garante que quaisquer outras reivindicações são fraudulentas.

O neto de Charles Manson recusou dizer o que faria com os direitos do avô se ganhar a batalha em tribunal, afirmando apenas que pretende cremar o corpo do líder do culto “Família Manson”.

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Quem vencer a batalha pelo corpo, posses e direitos de Charles Manson poderá usar a imagem do assassino como lhe aprouver. Além de poder autorizar possíveis documentários, biografias e filmes sobre Manson, que antes dos assassinatos era escritor de músicas, o detentor dos direitos poderá lucrar com todas as ‘royalties’ ligadas ao criminoso.

Bandas como os Guns N’ Roses, com ““Look at Your Game, Girl”, e os The Beach Boys — cujo baterista foi conhecido de Manson –, com “Never Learn Not To Love”, são duas das bandas que adaptaram letras de Manson.