A inflação no Brasil em 2017 pode ser a mais baixa dos últimos 19 anos, de acordo com um índice divulgado esta terça-feira pelo Centro de Estudos Económicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo o FGV, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acumulou no ano passado uma alta de 3,23%, atingindo o nível mais baixo em quase duas décadas.

Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial que mede a inflação no Brasil, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciará oficialmente na próxima quarta-feira, deve mostrar que houve um reajuste de preços ainda menor no país em 2017.

Até novembro passado, o IPCA havia acumulado uma variação de apenas 2,5%, a menor elevação desde 1998. A previsão de forte desaceleração da inflação brasileira também vai ao encontro de uma pesquisa divulgada pelo Banco Central do país, o Boletim Focus, que estimou que a taxa oficial de inflação no país terminou 2017 em 2,79%.

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Se estas projeções estiverem certas, a taxa de inflação no Brasil ficará abaixo da margem de tolerância prevista pelo Governo brasileiro para 2017, o que forçará o presidente do Banco Central a oferecer esclarecimentos sobre os motivos que causaram tal queda na inflação.

Isto acontecerá porque a meta oficial da inflação no Brasil para 2017 era de 4,5%, com margem de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Portanto, se a inflação no país ficar abaixo de 3% ou for superior a 6% ela estará fora desta meta.

A queda acentuada da inflação no Brasil no ano passado é atribuída principalmente à profunda recessão que atingiu o país entre 2015 e 2016, a maior em várias décadas, que forçou produtores e comerciantes a reduzirem os seus preços para manterem as vendas.

Nestes anos o consumo dos brasileiros, considerado o principal motor da economia, diminuiu acentuadamente devido ao aumento do desemprego e do custo do crédito, prejudicando as vendas.

A economia brasileira, a maior da América do Sul, recuou 3,5% em 2015 e 3,6% em 2016, mas especialistas estimaram que a recessão causada por estas quedas chegou ao fim em 2017, quando a economia cresceu cerca de 1%.

Os mesmos analistas acreditam que a inflação no Brasil permanecerá sob controlo em 2018, quando esperam que o índice de reajuste de preços aumente apenas 3,95%, abaixo do centro da meta do Governo que permanecerá em 4,5%.