James Franco recebeu o Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia ou Musical na mesma noite em que foi acusado de conduta inapropriada e abuso sexual por várias mulheres, no Twitter. Agora, o jornal LA Times cita cinco mulheres que dizem ter sido vítimas do comportamento inadequado do ator e contam as suas histórias.

O advogado do ator, Michael Plonsker, refutou as alegações de todas as mulheres e disse à publicação americana que James Franco já tinha respondido às acusações no programa “The Late Show With Stephen Colbert”, quando disse que os episódios descritos “não estão corretos”.

“Vê-lo usar o pin ‘TimesUp’ foi como levar um estalo”

Sarah Tither-Kaplan

Sarah Tither-Kaplan é uma antiga estudante de teatro na escola que James Francos fundou, a Studio 4, e participou em várias das suas produções. “Vê-lo ser distinguido com um Globo de Ouro foi como levar uma chapada na cara”, referiu. É uma das cinco mulheres que acusam o ator de conduta inapropriada. Tal como outras, foi aluna do ator. Em alguns casos acreditava, à semelhança das colegas, que o ator a podia ajudar com a carreira e por isso levou avante os seus desejos, mesmo quando a faziam sentir-se desconfortável.

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“Senti que ele [James Franco] estava a abusar do poder que tinha e havia uma cultura de exploração das mulheres que ainda não eram celebridades e que eram facilmente substituíveis”, referiu Sarah, que na noite de domingo foi uma das muitas mulheres que usou a rede social Twitter para denunciar o ator. Sarah disse também que numa cena de nudez, filmada há alguns anos com James Franco e outras mulheres, o ator retirou as proteções de plástico que protegiam os órgãos sexuais das atrizes enquanto simulava que lhes fazia sexo oral.

Alguns estudantes da Studio 4 fizeram posteriormente parte da produtora que o ator criou, a Rabbit Bandini. Em 2015, a empresa fez um acordo com a distribuidora Maker Studios para estrear duas séries criadas na escola Studio 4. Um dos projetos tinha por base aulas em que os alunos aprendiam a fazer cenas de sexo, lecionadas pelo ator. Como aluna destas aulas, Sarah Tither-Kaplan e uma outra ex-aluna fizeram o filme “Hungry Girl”. Em algumas cenas aparecem sem camisola e as imagens foram parar ao site Vimeo. No ano passado, Sarah descobriu que algumas das suas imagens estavam em sites de pornografia.

“Agora toda a gente pode ver-me nua, ainda antes de eu ter estado na televisão”, referiu Sarah em entrevista, que confessou também estar arrependida de ter gravado essas mesmas cenas. Mas, apesar de toda a controvérsia, Sarah confessa: “Só pensava que, de facto, nunca tinha dito ‘não’ a este homem”, revelou.

“Percebi que fui escolhida por ter um bom peito”

Hilary Dusome e Natalie Chmiel

Duas ex-alunas do Studio 4 disseram ao LA Times que o ator deixava as estudantes em situações desconfortáveis, muito além do normal, com exercícios feitos nas aulas e descreveram um episódio num clube de strip, em que James Franco terá perguntado qual das duas se queria despir, tendo em conta a gravação de um filme. Quando nenhuma das atrizes se voluntariou para o fazer, o ator acabou por se chatear, referiu Hilary Dusome, de 33 anos.

“Pensei que tinha sido escolhida pelo meu trabalho e mérito, mas quando percebi que tinha sido escolhida por ter um bom peito, percebi que o mérito não era claramente o caso”, conta Dusome, que foi aluna de Franco em 2012.

É de referir, no entanto, que o LA Times falou com mais de uma dezena de alunos do Studio 4, sendo que todos garantem terem tido boas experiências.

“Recebi dezenas de propostas para papéis de prostituta”

Katie Ryan

Katie Ryan, que conheceu James Franco na Playhouse West, já em Hollywood, e que também teve aulas na Studio 4, disse que o ator deixava claro que era possível conseguirem alguns papéis se participassem em cenas de nudez ou representassem atos sexuais. Katie Ryan acrescentou ainda que durante anos recebeu emails para ir a audições, a pedido do ator, para papéis como o de prostituta.

“James não está ciente de que as alegadas ações descritas pela ex-aluna Katie Ryan tenham acontecido”, defende, o advogado do ator.

“Não queria que ele me odiasse, então fiz sexo oral”

Violet Paley

Violet Paley, de 23 anos, conheceu o ator em 2016. Disse em entrevista que quando conheceu James Franco estava a tentar tornar-se uma produtora de cinema e que ele a ajudaria. Começaram uma relação amorosa e é nesse contexto que acontece o episódio já descrito pela atriz, em que Franco a pressiona para fazer sexo oral.

“Estava a falar com ele, no carro, e de repente o pénis dele estava de fora”, referiu Paley. “Fiquei muito nervosa e perguntei se podíamos fazer aquilo depois, mas ele começou a empurrar a minha cabeça para o colo dele e como eu não queria que ele me odiasse, fi-lo”, acrescentou a jovem.

Esta não é a primeira vez que James Franco atrai atenções nas redes sociais pelo seu comportamento controverso. Em 2014, o ator foi acusado de ter enviado mensagens inapropriadas a uma jovem de 17 anos e de, sabendo a idade dela, ter proposto que fossem para um quarto de hotel. Depois deste episódio se ter tornado público, o ator pediu desculpa à jovem no programa “Live! With Kelly and Michael”, e confessou sentir-se envergonhado. “Estou envergonhado e acho que sou um exemplo de como as redes sociais são complicadas. Hoje em dia são uma forma de as pessoas se conhecerem, mas o que aprendi é que nós não sabemos quem está do outro lado. Fiz um mau julgamento e aprendi a minha lição.”