Há um ponto comum a todas as intervenções após a interrupção do Estoril-FC Porto: a segurança das pessoas está acima de tudo e, como tal, a decisão de evacuar a bancada norte do estádio António Coimbra da Mota foi previdente, rápida e bem conseguida. Ainda assim (e agora questões desportivas à parte), sobram três perguntas por responder sobre o que se passou na noite desta segunda-feira, algumas que deverão ser alvo de análise na reunião de urgência marcada pela Liga com clubes, Câmara de Cascais, Bombeiros e a empresa Farcimar.

Depois do susto, o jogo: os cenários para acabar (ou não) o que falta do Estoril-FC Porto

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Quando é que a bancada começou a ceder ou a dar sinais disso? Os relatos das pessoas presentes na Amoreira e as posteriores imagens divulgadas através das redes sociais (inclusivamente pelo FC Porto) traçam um retrato fidedigno do que se passou: após o apito para o intervalo, vários adeptos azuis e brancos ficaram assustados ao verem as fissuras nas paredes interiores do recinto e da casa de banho, bem como rachas no chão junto a pilares de suporte da bancada, alertaram as autoridades e houve uma pronta evacuação da bancada, com as pessoas mais em baixo a saírem para o relvado e as que estavam mais em cima a deslocarem-se pelas escadas para o exterior. Mas quando é que tudo isso sucedeu? Haveria algum sinal ou vestígio da debilidade da infraestrutura antes do encontro ou os problemas terão começado durante a partida (Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, referiu no final que se ouviu um estrondo que algumas pessoas no interior pensavam ter sido o rebentamento de um petardo)?

Porque é que a segunda parte não se vai jogar esta terça-feira? Esta temporada já houve algumas partidas que foram interrompidas a meio. Recentemente até, o Feirense-V. Setúbal começou num dia mas, por falta de luz natural e artificial (os holofotes foram tendo inúmeras quebras), não chegou aí ao seu fim. Quando acabou? Logo no dia seguinte. E essa é a “regra” normal, que se tornou exceção esta segunda-feira: apesar de, a certa altura, ter sido anunciado que o jogo seria reatado, a informação não se confirmou por falta de segurança e, pouco depois, já se sabia que os 45 minutos em falta não seriam disputados esta terça-feira. Recorde-se que o próximo jogo dos dragões realiza-se na sexta-feira (Tondela, em casa) e que, por causa dos vários compromissos para Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Champions, só têm calendário disponível no início de março.

O que aconteceu para uma bancada tão recente sofrer este tipo de problema? A bancada norte do António Coimbra da Mota foi uma obra da Farcimar, Soluções em Pré-Fabricados de Betão S.A., com sede na Zona Industrial de Farrapa, em Arouca, sendo inaugurada em setembro de 2014 com o objetivo de cumprir os requisitos obrigatórios para a realização de encontros europeus. Ou seja, e apesar de já ter indícios de algum desgaste, como alguns espetadores testemunharam, é muito recente, pelo que se estranhou as visíveis fissuras nas paredes e no chão. Não sendo provável que o mesmo se tenha devido ao facto de haver lotação esgotada ou perto disso nesse setor (que já antes tinha recebido jogos de outros “grandes” com assistências semelhantes), resta saber o que terá provocado tamanhos danos na infraestrutura.