O CDS vai apresentar um requerimento para ouvir o governador do Banco de Portugal no Parlamento. A entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital da caixa económica Montepio será um dos temas. O anúncio foi feito pelo deputado Filipe Anacoreta Correia depois da audição ao ministro do Trabalho e Segurança Social sobre o mesmo assunto.

“Estamos a clarificar um ato da maior relevância, a possibilidade da Santa Casa entrar no Banco e desse investimento chegar aos 300 milhões, que é mais do que um terço dos ativos da instituição e a totalidade das suas disponibilidades financeiras”. Depois de ouvir o ministro, o CDS quer saber como o Banco de Portugal está a acompanhar a matéria. E por isso vai pedir a vinda do governador, lembrando que o ministro disse que o Banco de Portugal estaria envolvido na operação — a entrada de um acionista com 10% do capital tem de ter luz verde do supervisor.

Vieira da Silva tem a tutela da Santa Casa e da associação mutualista, mas a caixa económica está na supervisão do Banco de Portugal está também envolvido no processo de separação da instituição bancária da sua, para já, única acionista, a associação mutualista. Processo que passa igualmente pela clara distinção entre os produtos financeiros da associação e os produtos bancários vendidos aos balcões do Montepio.

“Não queremos ser confrontados com uma decisão de facto”, como aconteceu em casos recentes, “em relação ao qual já não há volta a dar. Queremos ter uma intervenção preventiva. Este é o tempo dos esclarecimentos.”

Anacoreta Correia acrescente que o CDS olha com “preocupação” a indicação dada pelo provedor, já depois de ouvido no Parlamento, de que o negócio poderia estar concluído em um mês. E volta a recordar notícias que dão conta de que ainda está em discussão o nível de informação sobre o Montepio que deve ser dado à Santa Casa no processo de análise deste investimento.

Em resposta aos jornalistas, Anacoreta Correia admite chamar outros responsáveis envolvidos no processo, designadamente da associação mutualista e do banco — o “CDS não exclui nenhuma possibilidade”. O partido admite estudar a criação de uma comissão eventual para acompanhar o processo.

O deputado do CDS sublinha que a atuação do partido tem estado centrada na estratégia da Santa Casa, que passou pela audição do seu provedor, Edmundo Martinho, na semana passada, e não no Montepio. “Queremos centrar toda a discussão na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e assegurar que qualquer decisão seja tomada em linha com os interesses desta instituição.”

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