A instalação de uma escultura monumental do artista norte-americano Jeff Koons, em Paris, foi contestada esta segunda-feira, por personalidades da cultura francesa, que subscreveram o abaixo-assinado “Não ao ‘presente’ de Jeff Koons”, publicado na imprensa francesa.

“Este projeto é chocante, por motivos de vária ordem e de importância diferente”, referem os signatários de um fórum que publicou o texto esta segunda-feira no jornal Libération. Entre os militantes do fórum constam o realizador Olivier Assayas e o antigo ministro da Cultura de França Frédéric Miterrand.

Segundo os signatários, Jeff Koons, 63 anos, “tornou-se num emblema de uma arte industrial, espetacular e especulativa”, além de que o seu ‘atelier’ e os seus ‘marchands’ não passam atualmente de “multinacionais do hiperluxo”.

Em 21 de novembro de 2016, Koons anunciou a intenção de oferecer à cidade de Paris um “Ramo de Tulipas”, uma obra original e monumental que devia tornar-se num “símbolo da memória”, após os atentados de 2015 na capital francesa.

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Com uma dezena de metros de altura, em bronze, aço e alumínio, a obra representa uma mão com tulipas de várias cores, e estará a ser executada numa fábrica na Alemanha, acrescentam os contestatários.

A obra deveria ser colocada em frente ao Museu de Arte Moderna e ao Palácio de Tóquio, à beira do Sena, na zona oeste da capital.

Avaliada em três milhões de euros, a produção da obra é financiada pelo mecenato privado, indicou o presidente da Câmara de Paris, na altura do anúncio.

O facto de “este enorme artista ter decidido oferecer à cidade de Paris a ideia original de uma obra monumental simboliza a generosidade e a partilha, testemunhos do apego irrevogável entre a nossa capital e os Estados Unidos”, congratulou-se agora a autarca de Paris, Anne Hidalgo.

“A escolha da obra, e sobretudo a sua localização, sem qualquer ligação com os trágicos acontecimentos invocados e a sua localização, parece-nos, no mínimo, surpreendente, se não mesmo oportunista e cínica”, sublinham os signatários do texto publicado.

“Pelo seu impacto visual, o seu gigantismo e a sua localização, esta escultura descaracterizará a harmonia atual entre as colunatas do Museu de Arte Moderna, a cidade de Paris, o Palácio de Tóquio e a perspetiva sobre a Torre Eiffel”, concluem.