A população portuguesa está em queda há nove anos consecutivos, mas 2017 poderá mesmo ter batido o recorde do saldo natural negativo. De acordo com o jornal Público, os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística indicam que em 2017 houve mais 24 mil mortes do que nascimentos, número muito superior ao registado em 2009, altura em que o total de óbitos ultrapassou pela primeira vez o total de nascimentos: nessa altura, o saldo natural negativo foi de “apenas” cinco mil.

Entre janeiro e dezembro de 2017, o Instituto Nacional de Saúde dr. Ricardo Jorge (Insa) registou 86.180 testes do pezinho (feitos à nascença), enquanto o sistema informático de certificados de óbito da Direção-Geral de Saúde registou, no mesmo período, 110.197 mortes. Ou seja, um saldo natural negativo de mais de 24 mil. Os dados não são definitivos, segundo alerta a Direção-Geral de Saúde, uma vez que têm de ser ajustados a eventuais duplicações ou erros, mas, de acordo com aquele jornal, tudo indica que a diferença entre mortes e nascimentos registada em 2017 pode mesmo vir a ser a mais elevada deste século. Isto é, desde o ano 2000.

“É uma tendência de declínio que se vem agravando de ano para ano. Temos menos nascimentos, e mesmo que haja oscilações, nunca conseguiremos recuperar os números de há alguns anos”, afirma ao jornal Público a presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes. Também o epidemiologista do Insa Baltazar Nunes alerta para o fenómeno: “A pirâmide etária está a perder o formato de pirâmide, está a ficar com gorduras na cintura.”

O fenómeno português, contudo, não está em linha com o que está a verificar-se no resto da Europa, onde a maior parte dos países ainda consegue ver a sua população aumentar — sobretudo graças à imigração. Em 2016, segundo dados do Eurostat citados pelo Público, havia 18 países nesta situação de crescimento populacional, enquanto Portugal, a par da Lituânia, Letónia, Croácia, Bulgária, Roménia, Hungria, Grécia, Itália e Estónia, estava a perder habitantes.

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