O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, admitiu esta terça-feira que esperar cerca de mil dias por uma consulta é “tempo excessivo”, depois de uma visita ao hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

À margem da visita, o secretário de Estado mostrou-se descontente com os indicadores do portal do Serviço Nacional de Saúde, denunciados na segunda-feira pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e que referem que os utentes dos hospitais públicos chegam a esperar mais de dois anos por uma primeira consulta prioritária de oftalmologia e um ano e meio por uma de pneumologia.

“É seguramente tempo excessivo. Temos de combater isso. Não podemos ficar descansados nem satisfeitos com esses resultados. Significa que estão pessoas à espera mais daquilo do que deviam. Temos é também de ter a força e determinação para encontrar boas soluções”, salientou Fernando Araújo.

Os sindicatos já propuseram o “aumento do número de horas semanais alocadas à consulta dos médicos hospitalares”, refere o SIM, lembrando que atualmente “praticamente metade do horário semanal normal de um médico hospitalar” está alocado à urgência.

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Confrontado com estas exigências, o governante afirmou que “reduzir o horário de urgência e passá-lo para a consulta externa, para a cirurgia e para o internamento é uma das áreas” que tem de ser trabalhada, “mas isso não pode ser feito sem desfalcar os serviços de urgência”, advertiu. A solução terá de passar por um “equilíbrio” e por uma aposta “no trabalho programado”, como as cirurgias.

Na visita ao hospital de Leiria, Fernando Araújo foi confrontado com algumas das vulnerabilidades desta unidade, nomeadamente a falta de médicos.

“Essa foi uma das questões que o presidente do conselho de administração me colocou. Gostava de sublinhar o profissionalismo e a motivação dos profissionais, que, apesar de algumas limitações de número dos recursos humanos, têm tido um excelente desempenho”.

Em Leiria, a Medicina Interna é uma das especialidades com mais carência de médicos, revelou Fernando Araújo, apontando como uma das soluções de fixação de clínicos a contratação de médicos de outros hospitais.

Na sua intervenção, o presidente da administração, Helder Roque, pediu à tutela que “reconheça a realidade em que se transformou a instituição”, onde os seus colaboradores têm uma ação “dura, esforçada, empenhada e muito dedicada para assegurar o nível de desempenho” já atingido.

“É tão pouco o que pedimos. Permitam-nos que com autonomia e sem interferências que condicionam o elevado potencial que possuímos, responsavelmente, possamos acrescentar valor aos recursos humanos e financeiros colocados ao nosso dispor. Só queremos mais e melhor, colmatar as deficiências, as carências e as insuficiências que ainda temos. E achamos que merecemos porque conquistámos de pleno direito, daí a nossa angustia por não sentirmos reconhecido o mérito dos nossos colaboradores.”