A atriz Natalie Portman juntou-se ao movimento #MeToo e ao já longo rol de mulheres ligadas ao entretenimento norte-americano que dizem ter sido vítimas de assédio ou abuso sexual. Num poderoso discurso — durante uma das muitas “Women’s March” que decorreram durante o este fim de semana nos Estados Unidos — a protagonista de “Cisne Negro” contou que foi vítima de “terrorismo sexual”.

Aos 13 anos abri, muito emocionada, a minha primeira carta de um fã. Acabei por ler uma fantasia de uma violação que um homem me tinha escrito. Entendi muito rápido, ainda que tivesse 13 anos: se queria expressar-me sexualmente, ia sentir-me insegura e os homens iam sentir-se no direito de comentar e objetificar o meu corpo, para grande incómodo meu”, contou a atriz, que tem agora 36 anos.

Natalie Portman explicou que, a partir daquele momento, fez um compromisso consigo mesma: não voltaria a deixar que algo semelhante acontecesse. “Recusei qualquer papel com uma cena com um beijo e falei dessa escolha em entrevistas. Enfatizei que era séria e esforcei-me para me vestir de forma elegante. Ganhei a reputação de conservadora e nerd, revelou a atriz, que ficou conhecida em 1994 no filme “Léon: O Profissional”.

Ao longo do discurso, a atriz continuou a detalhar a sua escolha. “Aos 13 anos, ficou bem clara a mensagem da nossa cultura. Senti a necessidade de cobrir o meu corpo e inibir a minha expressão e o meu trabalho para enviar a minha própria mensagem ao mundo: ‘Sou alguém digno de segurança e respeito’. Serviu-me para controlar o meu comportamento num ambiente de terrorismo sexual”, afirmou Natalie Portman.

Por fim, a atriz respondeu ao manifesto redigido por mais de 100 intelectuais francesas – incluindo Catherine Deneuve — que acusava o movimento #MeToo de “puritanismo” e de querer voltar aos “valores vitorianos”, quando um homem não podia falar ou sequer dirigir-se a uma mulher frágil e delicada. Na opinião de Natalie Portman, “o sistema atual é que é puritano”. A atriz, que tem dupla nacionalidade norte-americana e israelita, explicou que “talvez os homens possam dizer e fazer o que querem, mas as mulheres não podem”.

“O sistema atual inibe as mulheres de expressar desejos e necessidades, de procurar prazer. Este mundo que queremos construir é o oposto de puritano. Vamos declarar alto e claro: é isto que quero, é disto que necessito, é isto que desejo. Vamos fazer uma revolução do desejo”, incitou a atriz, que foi aplaudida pelos milhares de mulheres que estavam na “Women’s March”.

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