A Assembleia Constituinte da Venezuela chegou a acordo esta terça-feira para a realização de eleições presidenciais. O sufrágio deverá acontecer ainda antes de 30 de abril, sendo que ainda não é conhecida a data oficial.

As eleições presidenciais deverão acontecer “nos primeiros quatro meses de 2018”, afirmou o deputado Diosdado Cabello, número dois do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), citado pelo El Nacional.

A aprovação, “por aclamação”, teve por base uma proposta do deputado e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), Diosdado Cabello.

“É uma proposta que muito a ver com a pátria, com o amor a esta pátria”, vincou Diosdado Cabello ao apresentar a proposta.

O decreto aprovado será remetido ao Conselho Nacional Eleitoral para fixar a data para as próximas eleições presidenciais

Tudo indica que Nicolás Maduro deverá ser apontado como recandidato. Resta saber de que forma se vai organizar a oposição, que sempre contestou todo o processo que esteve na génese da Assembleia Constituinte.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sendo um órgão controlado indiretamente por figuras do regime chavista, a Assembleia Constituinte é composta por 545 membros. Foi eleita em 30 de julho de 2017, numas eleições boicotadas pela oposição que não participou no processo por considerar que foi convocada de maneira ilegítima. A Constituinte, instalada no dia 4, sob denúncias de fraude eleitoral, é presidida pela ex-ministra dos Negócios Estrangeiros, Delcy Rodríguez. Durante a jornada eleitoral, pelo menos dez pessoas morreram, na sequência de confrontos.

Oposição pede união contra Maduro

Freddy Guevara, um dos mais proeminentes líderes da oposição da Venezuela, já veio apelar à união de todas as forças que se opõem ao regime de Maduro. “Venezuela: estamos ante um momento histórico para alcançar a liberdade. Pedimos a todas as forças democráticas para construir uma posição comum”, escreveu no Twitter.

Refugiado desde novembro na embaixada do Chile em Caracas, Guevara desafiou todos, “estudantes, operários, empresários, comerciantes, funcionários públicos, dissidentes do chavismo e da Igreja”, a lutar contra a “fome e a miséria” impostos pelo chavismo.

Henrique Capriles, ex-governador e candidato presidencial derrotado (2012 e 2013) também aproveitou aquela rede social para pedir unidade. “Se o direito do nosso povo para decidir é libertado, eles [chavistas] cairão. Unidade mais do que nunca. Unidade para recuperar a democracia.

Em abril de 2017, depois de quase derrubar Maduro, Capriles foi declarado inelegível por um período de 15 anos, depois de a Procuradoria Geral o ter acusado de atuar “de maneira negligente”, por não ter apresentado o orçamento de 2013 do estado de Miranda ao Conselho Legislativo. Mais: Capriles foi também acusado de ter celebrado “convénios de cooperação internacional entre a governação a seu cargo e as embaixadas da Polónia e do Reino Unido sem a autorização legal necessária”. Como consequência, Capriles está proibido de ser candidato nestas eleições.

Estes não são os únicos opositores de Maduro impedidos ou condicionados para avançar contra o atual Presidente da Venezuela: Leopoldo López, descendente de Simon Bolívar, foi preso pela justiça “bolivariana”; Antonio Ledezma está preso desde 2015 sem acusação; e Henry Ramos Allup, um dos mais reconhecidos opositores de Chávez, enganou-se quando previu o fim do chavismo, como contava aqui o Observador em detalhe.

Quem são os opositores de Nicolás Maduro. Poderá algum deles derrubá-lo?