A maioria de nós, certamente, concordará que a cor é uma das primeiras coisas em que pensamos, no momento de escolher o nosso automóvel. Mas se acha que esta escolha é um desafio e pêras, para nós consumidores, nem imagina as dificuldades de que se reveste este desafio para os construtores automóveis. Estes, para ter uma ideia, chegam a levar três anos, desde o momento em que se inicia a criação da tonalidade pretendida até à sua aplicação na viatura.

“O nascimento de uma cor começa cá dentro”, revela Jordi Font, do departamento Color&Trim da Seat. Recordando que tudo se inicia com um estudo de mercado, para terminar com a aplicação da tinta no veículo. Algo que, no entanto, só tem lugar mais de 1.000 dias após todo o processo ter início.

1.º passo: Sentir o pulso da rua

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O processo começa com uma equipa especializada, responsável por analisar as tendências de mercado, à qual cabe depois propor uma paleta de cores para os modelos a lançar. “Além de acompanhar a moda, a criação de uma nova tonalidade é também algo muito intuitivo. É preciso sentir o pulso da rua e entrar no ritmo”, explica Jordi Font. Sendo que, só nesta etapa da criação de uma nova tonalidade, gastam-se cerca de mil litros de tinta.

2.º passo: A ciência da mistura

Já em laboratório, fazem-se as misturas que transformam o acto criativo num exercício puramente químico. Carol Gomez, também do departamento Color&Trim, recorda o caso da gama cromática do SEAT Arona, para a qual, “com a mistura de 50 pigmentos e partículas metálicas diferentes, criaram-se quase 100 variações da mesma cor, de forma a ser escolhida a tonalidade mais adequada”.

“As cores são cada vez mais sofisticadas e a personalização assume-se como uma clara tendência”, acrescenta Font, sobre um modelo que permite escolher entre mais de 68 combinações.

3.º passo: Das fórmulas matemáticas à realidade

Escolhida a cor, esta tem agora de ser aplicada na chapa, para confirmar a sua aplicabilidade e o efeito visual final produzido. Altura em que se experimentam “os efeitos visuais, os brilhos e os sombreados, em placas de metal expostas à luz solar e à sombra, para que se confirme que a cor, quando aplicada, corresponde ao que foi idealizado”, explica Jesús Guzmán, outro dos elementos do departamento de Color&Trim.

4.º passo: A aplicação no modelo

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Obtida a cor final, é chegado o momento de aplicá-la nas carroçarias que vão passando pela estufa, local com um sistema de ventilação semelhante ao das salas de operações, para evitar a entrada de qualquer pó ou impureza. E onde, através de um processo totalmente automatizado, 84 robots (no caso da Seat), aplicam, ao longo de seis horas, 2,5 litros de tinta em cada veículo, a temperaturas entre os 21 e os 25 graus. No total, são sobrepostas sete camadas de tinta, finas como um cabelo e duras como uma rocha, as quais são depois secadas num forno a 140 graus.

5.º passo: O TAC que tudo vê

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Aplicada a tinta, os veículos passam então por um scanner que não necessita mais que 43 segundos para detectar qualquer imperfeição ou impurezas na pintura. Caso tudo esteja como previsto, o carro está então pronto passar para a fase seguinte, da montagem, para posterior entrega ao seu futuro proprietário.