“A China é o grande candidato para estar no epicentro da próxima crise financeira”. O prognóstico é de Kenneth Rogoff, professor de políticas públicas da Universidade de Harvard e co-autor de “Desta vez é diferente”, uma obra que analisa oito séculos de crises financeiras. O economista deu uma entrevista ao alemão Finanz und Wirtschaft.

Rogoff sublinha que tem “um grande respeito pelas autoridades chinesas e estão a trabalhar arduamente para não ter uma crise financeira”. O problema é que “não existe, realmente, qualquer empresa privada na China, o que significa que as garantias públicas são ativadas muito mais rapidamente do que nas economias ocidentais”.

Na análise de Rogoff, a China é “a grande região mais frágil do mundo, neste momento”. “O grande problema é que a economia chinesa continua a ter grandes desequilíbrios, apoiando-se muito no investimento e nas exportações; além disso, é muito dependente do crédito”, afirma Rogoff, acrescentando que “se o país entrasse em dificuldades financeiras ou, simplesmente, se sentisse um abrandamento da taxa de crescimento do crédito, isso poderia causar muitos problemas”.

E se a China também caísse na sua própria crise financeira isso iria, provavelmente, gerar uma crise de crescimento que resultaria numa crise política”.

Países como Portugal estão a receber “enormes empréstimos por baixo da mesa”

Kenneth Rogoff considerou, na entrevista ao jornal alemão, que será um “grande desafio” para o Banco Central Europeu (BCE) terminar o programa de estímulos monetários. Um programa que, na sua essência, “é um subsídio pago pelos países do norte aos países do sul [da Europa]”.

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“Países como Espanha, Portugal, Itália receberam enormes empréstimos da Alemanha e França, por baixo da mesa, através do BCE”, portanto “se o BCE alterar o seu programa, a Europa vai precisar de algum tipo de veículo para substituir o quantitative easing e apoiar estes países, talvez algum tipo de Eurobond [obrigações emitidas pela Europa] ou algo do género”.

“Fico fascinado com o país em que Portugal se tornou”, diz o economista Kenneth Rogoff