A companhia aérea easyJet informou esta quinta-feira que vai crescer em Portugal apenas 3% entre outubro e março devido à falta de capacidade dos principais aeroportos, enquanto na anterior operação de inverno a subida foi superior a 20%.

Em declarações aos jornalistas, o diretor da companhia de baixo custo para Portugal, José Lopes, reafirmou a “urgência de implementar medidas” até à alternativa complementar do aeroporto de Lisboa, que “não pode crescer mais” e que já levou ao desvio de movimentos na operação de verão (março a setembro) para o Porto.

Ainda assim, a easyJet adiantou que a capacidade do Porto está também a esgotar-se, pois solicitou mais duas mil ‘slots’ (movimentos aéreos) naquele aeroporto e só obteve até ao momento 40 para a operação de verão, entre abril e setembro.

“São oportunidades perdidas”, criticou o responsável, notando que países concorrentes estão a recuperar, como Grécia e a Turquia, e que a easyJet levará para outros países os aviões que não podem ser colocados em Portugal.

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De acordo com o mesmo responsável, estão também impedidos, por exemplo, crescimentos a nível doméstico, nomeadamente para o Funchal.

Em 2017, a companhia tinha somado seis milhões de passageiros em Portugal, metade dos quais em Lisboa e no Porto, e um crescimento de 14%.

Na lista de reivindicações da companhia está também a nova torre de controlo do aeroporto Humberto Delgado (em Lisboa), que necessita do encerramento da pista transversal (pista 17/35) e de 900 dias; o novo sistema de navegação aérea e um novo radar de superfície. A nova tecnologia permitirá gerir uma distância menor entre aeronaves, garantir segurança e “maximizar os movimentos ao máximo de uma só pista”, em Lisboa, acrescentou o diretor.

Para José Lopes, a empresa gestora dos aeroportos, a ANA, deve ainda privilegiar, no uso de ‘slots’, as companhias “que operam de forma mais eficiente” e acelerar o trabalho de cobrança de taxas por aeronave e não por passageiro.

Argumentando que aparelhos com menor ocupação e capacidade deviam usar outros locais, que não Lisboa, José Lopes sublinhou que “deve ser retirado o tráfico que não é vital”.

À ANA foi ainda sugerida a implementação do uso coletivo de rebocadores elétricos em Portugal e um prémio para a companhia com aviões mais silenciosos.

Outra reivindicação é a inclusão da profissão de comandante, no sentido de piloto muito experiente, na figura de residente não habitual, para garantir vantagens fiscais, uma vez que em Espanha esses profissionais “ganham mais 30% de salário líquido”.

Em Lisboa e no Porto estão baseados mais de 60 pilotos para oito aviões.

O dirigente informou ainda que a integração da antiga operação da AirBerlin deverá estar concluída em outubro, cerca de um ano depois da aquisição, e que a companhia está interessada na falida Alitália.

A easyJet mostrou esta quinta-feira um dos quatro Airbus 320 neo, que provoca menos 56% (menos 85 decibéis) de ruído nas aterragens e descolagens no Porto e em Lisboa, segundo José Lopes, que acrescentou haver ainda uma descida de 15% nas emissões de carbono, 15% mais na eficiência de combustível.

O preço listado de cada aeronave é de 108 milhões de dólares (quase 87 milhões de euros).

A companhia encomendou 130 aeronaves A320neo e A321neo e tem direitos para comprar mais 100 aviões A320neo.