A ministra da Presidência garantiu esta quinta-feira que a Autoridade para as Condições do Trabalho e o Instituto de Emprego e Formação Profissional “estão já no terreno” para acionar “todos os meios de apoio” às trabalhadoras despedidas da antiga Triumph.

As trabalhadoras da antiga Triumph foram na quarta-feira informadas de que foi decretada a insolvência da empresa e por isso serão alvo de despedimento coletivo, mas que poderão aceder ao subsídio de desemprego e ao fundo de garantia social. Na conferência de imprensa do Conselho de Ministros deste dia, Maria Manuel Leitão Marques foi questionada sobre este despedimento coletivo.

Não foi discutido no Conselho de Ministros, mas como é sabido tanto a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) como o Instituto de Emprego e Formação Profissional estão já no terreno para poder acionar todos os meios de apoio às trabalhadoras que infelizmente perderam o seu emprego com a decisão ontem tomada”, afirmou.

A informação sobre a decisão foi comunicada à Comissão de Trabalhadoras pela administradora de insolvência, durante uma reunião realizada ao final da tarde de quarta-feira nas instalações da fábrica de Loures.

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Em declarações à agência Lusa, Mónica Santos, dirigente do sindicato dos têxteis do Sul, explicou que a fábrica irá ser encerrada, que na sexta-feira irá ter inicio um processo de despedimento coletivo das 463 trabalhadoras e que na segunda-feira começará um processo de inventário.

Apesar deste desfecho, a sindicalista manifestou-se expectante de que poderá ainda ser encontrada uma solução para que a empresa venha a laborar no futuro. As trabalhadoras estiveram em vigília à porta da empresa desde dia 5 de janeiro, 24 horas por dia, para garantir que o material e as máquinas não eram retirados da fábrica até à decisão da administradora de insolvência.

Na semana passada fizeram um protesto em frente ao Conselho de Ministros, para entregar uma peça de lingerie ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e na quarta-feira concentraram-se em frente à escola onde o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, iria ter um encontro para falarem com o chefe de Estado.

Também na quarta-feira estiveram no parlamento, no dia em que o BE marcou um debate de atualidade sobre a situação dramática desta empresa, no qual o secretário de Estado Adjunto e do Comércio admitiu que o processo de venda da antiga Triumph não obteve o “sucesso desejado por todos”.

A 11 de janeiro, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, o projeto de resolução do PCP que recomenda ao Governo que “recorra a todos os instrumentos ao seu alcance para impedir o encerramento” da antiga Triumph.

Há cerca de um ano, a 4 de janeiro de 2017, Manuel Caldeira Cabral congratulou-se com o facto de a antiga fábrica de roupa interior da Triumph continuar a laborar em Portugal e manter os cerca de 500 postos de trabalho, durante uma visita à fábrica na qual foi informado pela atual administração da TGI do plano de negócios, que previa a “diversificação do portefólio de produção” assim como a “expansão a novos mercados de exportação”.

A empresa alemã Triumph possuía uma fábrica em Sacavém, concelho de Loures, que foi adquirida em setembro de 2017 pela empresa Têxtil Gramax Internacional (TGI), uma sociedade portuguesa de capital suíço. O processo de venda, que decorreu durante um ano, chegou a ser muito contestado pelos cerca de 500 trabalhadores, assim como pela Câmara Municipal de Loures, que temiam que a fábrica encerrasse definitivamente.