O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, vai iniciar uma campanha de angariação de fundos para o restauro do chamado “Presépio dos Marqueses de Belas”, uma obra de grandes dimensões fechada há mais de uma década. Contactado pela agência Lusa, o diretor do museu, António Filipe Pimentel, indicou que o restauro da obra do século XIX, que reúne algumas peças do século XVIII, “irá trazer muita informação de natureza autoral, e na área da História da Arte” em Portugal.

O presépio encontra-se fechado numa sala de acesso à Capela das Albertas, fechada quase há 11 anos por razões de segurança devido ao seu estado de degradação, e que será alvo também de obras de restauro, em parte financiadas por uma doação da European Fine Art Foundation (TEFAF).

O restauro daquele que é o maior presépio existente no museu, com centenas de peças, deverá ascender a cerca de 30 mil euros e o diretor estima que deverá ficar pronto no verão deste ano. Criado no período Barroco tardio, reúne muitas peças criadas pelo mestre José Joaquim de Barros, conhecido como Barros Laborão, entre outros artistas, e é considerado o último no género, que fecha o ciclo de presépios monumentais do século XIX.

O presépio está instalado no espaço da ante-capela, que antecede a Capela das Albertas, cujas obras de recuperação também deverão começar em fevereiro, com a doação de 25 mil euros da TEFAF para apoiar os trabalhos de restauro de azulejos de diferentes períodos, do século XVI ao XVIII, no seu interior. “A ideia é que o público possa ver o presépio já restaurado e ao mesmo tempo poder visualizar o restauro em curso na capela”, considerada uma “joia do Barroco”, que deverá demorar cerca de dois anos, segundo o diretor do museu.

Nos últimos dois anos, o MNAA realizou duas campanhas públicas para obter fundos com o objetivo de adquirir obras para o museu, nomeadamente o retrato oitocentista de Frei Fonseca Évora, por 10 mil euros, e, anteriormente, a obra de Domingos Sequeira “A Adoração dos Magos”, por 600 mil euros.

A aquisição das peças foi considerada fundamental para o património artístico português, e para o próprio acervo do museu, que acolhe a mais relevante coleção pública de arte antiga do país, em pintura, escultura, artes decorativas portuguesas, europeias e da Expansão Marítima Portuguesa, desde a Idade Média até ao século XIX.

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