A partir do mês de fevereiro, os autocarros da Carris que circulem atrasados entre Marquês de Pombal e Entrecampos vão passar a ter prioridade nos semáforos. De acordo com a notícia do DN, os semáforos no eixo central de Lisboa serão capazes de reconhecer se o veículo está atrasado relativamente ao horário e, se for esse o caso, passar o sinal para verde, de modo a que este não perca velocidade e possibilitando que se recupere tempo perdido.

O feito será possível graças a articulação com o GERTRUDE, sistema que, consoante o tráfego, faz a gestão dos semáforos, os quais serão capazes de ler um sensor que está no autocarro, tendo acesso a informação que lhes permitirá saber que o transporte circula em atraso e, consequentemente, dar-lhe prioridade.

O sistema dos semáforos encontra-se ainda em fase de testes, podendo vir a ser implementado na Estrada de Benfica após esta primeira fase, que se iniciará no próximo mês.

A Câmara Municipal de Lisboa pretende assim dar resposta às necessidades dos utentes da Carris, que querem mais pontualidade e regularidade dos autocarros, e reduzir o número de carros em Lisboa através da melhoria do serviço de transportes públicos.

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A primeira medida neste sentido foi implementada em novembro, mês em que a ligação entre Carris, Polícia Municipal e câmaras de acompanhamento de tráfego se tornaram mais ligadas de modo a melhor resolver situações em que carros impedem a circulação de autocarros e elétricos nas vias BUS.

A autarquia vai apostar ainda em completar os corredores BUS da capital que têm interrupções, estando também a ser estudada a possibilidade de aumentar o número de vias exclusivas a transportes públicos.

Em 2017, de acordo com dados da autarquia, divulgados pelo DN, no ano de 2017 houve 1337 situações em que carros mal estacionados obrigaram a Polícia Municipal a intervir, as quais resultaram na interrupção de circulação de 1480 veículos e de 937 horas de serviço.

ACP diz que medida dificultará mais o trânsito

O presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP) considerou que a intenção da Câmara de Lisboa em dar prioridade aos autocarros nos semáforos do eixo central quando estes estão atrasados só vai dificultar ainda mais o trânsito.

Carlos Barbosa comentava assim à Lusa a notícia de sexta-feira do Diário de Notícias, que cita o vereador da mobilidade e da segurança, Miguel Gaspar, que dá conta de que os autocarros da Carris que circulem atrasados em relação ao horário no eixo central de Lisboa vão passar a ter prioridade nos semáforos.

Da maneira como os corredores BUS estão feitos, obviamente que com o estrangulamento que houve no eixo central de Lisboa só vai dificultar ainda mais o trânsito. Portanto, o troço que querem fazer mais rápido é relativamente pequeno, por isso, não vai resolver rigorosamente em nada o problema da Carris: que é não cumprir horários”, destacou.

No entender do presidente do ACP, o problema da Carris não cumprir horários já vem de antes de chegar ao eixo central.

O problema não é o eixo central. É todo o percurso da Carris onde não cumprem horários. O eixo central é um mal menor, porque é uma parte muito pequenina disso. Isto parece-me mais uma tentativa de poder resolver o assunto, mas que me parece difícil porque o problema não é no eixo central são todos os percursos da Carris desde que começa até que acaba”, salientou.

Na terça-feira, o ACP apresentou um estudo no qual se concluiu que apenas 10 por cento dos condutores portugueses usa transportes públicos nas deslocações casa-trabalho-casa, enquanto aumenta o número das famílias com quatro ou mais automóveis, que atinge já 11% do total.

Acho que a câmara ainda não viu o estudo que o ACP apresentou na semana passada, porque se tivesse visto o estudo, via que as pessoas querem andar de carro, porque não estão de acordo com a flexibilidade dos transportes públicos. Percebo que a câmara queira menos carros, mas para isso é preciso que faça mais parques de estacionamento. O problema de Lisboa é a falta de espaço. Temos imensos sítios em Lisboa para o fazer e até à entrada da cidade”, disse.

Carlos Barbosa disse, “apesar de tudo”, ter “esperança de que as coisas se modifiquem” passados oito anos” e com este novo vereador”, Miguel Gaspar.