O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, definiu hoje como uma das principais prioridades do partido a “valorização do trabalho e dos trabalhadores” e instou o PS a definir-se “sem ambiguidade” para dar passos nessas “políticas de esquerda”.

Jerónimo de Sousa foi o principal orador do comício que encheu o grande auditório da Universidade do Algarve, em Faro, e considerou que este objetivo “é não apenas um elemento distintivo de uma verdadeira política de esquerda que caracteriza, marca e define as forças que a protagonizam, mas objeto e condição do desenvolvimento e do progresso social”.

O líder do PCP advertiu que a “valorização do trabalho” exige intervir, por exemplo, para “criar postos de trabalho”, para “combater a desregulação dos horários de trabalho e eliminar a precariedade” ou “eliminar as normas gravosas da legislação laboral” e “acabar com os bloqueios à negociação e contratação coletiva e repor os direitos retirados”.

“Objetivos que, na sua concretização, não podem deixar espaço à ambiguidade. Ser de esquerda, para lá da mera proclamação, é assumir com coerência este combate pela valorização do trabalho e dos trabalhadores. Não são de esquerda as soluções dos que procuram a convergência com PSD e CDS, como tem feito PS e o seu governo, com o objetivo de eternizar os retrocessos impostos nos últimos anos, nomeadamente na legislação laboral”, defendeu o secretário-geral do PCP.

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Jerónimo de Sousa considerou que estes motivos demonstram por que “este combate continua a ser tão importante e prioritário” na ação do partido e lamentou as alterações à legislação laboral dos “sucessivos governos nos últimos anos”, afirmando que “representaram um retrocesso civilizacional profundo”, uma aposta na “desvalorização do trabalho” e um “ataque a direitos fundamentais dos trabalhadores que urge inverter”.

“Apostados na individualização e precarização das relações laborais, promoveram com as suas revisões das leis laborais e do Código do Trabalho, um bloqueio generalizado da contratação coletiva, incluindo a recusa de negociação também na Administração Pública”, criticou.

Apesar da política de recuperação de rendimentos que tem sido implementada pelo Governo PS, com o apoio da maioria de esquerda formada com o PCP, o BE e o PEV, Jerónimo de Sousa reconheceu que o caminho “não está isento de dificuldades e de crescentes resistências” e disse que isso “se percebe pelas opções políticas do Governo do PS limitadoras das soluções necessárias de resposta à superação dos problemas de fundo do país”.

“As forças do grande capital e dos setores políticos a elas associados no PSD, no CDS, mas também no interior do PS, estão cada vez mais empenhados na procura de soluções que passam pela retoma formal ou informal do chamado Bloco Central, onde cabem as operações de cosmética do PSD, com a mudança de líder, mas também de soluções populistas. Soluções que visam intensificar a exploração e retomar o rumo de liquidação de direitos”, alertou.

Jerónimo de Sousa disse que o que foi alcançado nesta legislatura “foi muito importante”, mas considerou que “não menos importante é trabalhar para o que falta fazer”.