Não queria falar de “casos”, mas, questionada pelos jornalistas, Assunção Cristas não deixou de comentar o impacto que pode vir a ter a investigação a Mário Centeno por alegado recebimento indevido de vantagem. “Impacto positivo não terá de certeza”, disse a líder do CDS à margem das jornadas parlamentares do CDS, que arrancam esta segunda-feira no distrito de Setúbal. “Se há investigações, elas terão o seu tempo próprio, não me compete a mim comentar”, disse ainda, referindo-se ao polémico caso dos bilhetes do Benfica pedidos pelo ministro das Finanças ao presidente daquele clube.

Na verdade, Assunção Cristas preferiu dar “nota negativa” ao atual presidente do Eurogrupo, mas por outros motivos: por causa do incumprimento da promessa que o Governo tinha feito há um ano de aumento do investimento público. Uma promessa que, diz, ficou “muitíssimo longe de ser cumprida”. Em causa estão os números avançados esta segunda-feira que dão conta de que a subida do investimento público em 2017 não chegou para atingir os valores de 2015.

“Diziam que íamos crescer mil milhões em investimento, ficámos em 200 mil: não compensou sequer a quebra do investimento público em 2016. Isso significa que o Governo e o ministro das Finanças faltam à sua palavra, procuram enganar os portugueses, empatam durante muitos meses, dizendo que se vai concretizar determinado investimento público e, na verdade, ele não acontece”, disse Assunção Cristas, acusando o atual Governo de não ter cumprido o que estava estipulado no Orçamento do Estado (OE) para 2017.

Na primeira visita das jornadas parlamentares, que decorrem entre esta segunda e terça-feira e que se dedicamà captação de investimento, diálogo social, e à questão da saúde, Assunção Cristas visitou o Porto de Setúbal, onde a Autoeuropa tem 10 hectares concessionados exclusivamente à sua exportação. Não visitou, porém, a fábrica onde têm decorrido os protestos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Certo é que os trabalhadores da Autoeuropa começaram precisamente esta segunda-feira a cumprir o novo horário transitório que prevê a obrigatoriedade do trabalho ao sábado, medida que foi imposta pela empresa depois de administração e Comissão de Trabalhadores não terem chegado a acordo. Mas sobre esse assunto, a líder do CDS afasta-se e remete tudo para a própria empresa.

“Se é preciso ou não é preciso [trabalhar ao sábado], a própria empresa é que tem de saber, porque a empresa é que está no mercado e que sabe que condições é que laboral, a forma como isso tem de ser negociado com os trabalhadores, respeitando os seus direitos”, disse, falando durante a visita ao porto de Setúbal, onde estavam expostos vários modelos de carros da Volkswagen.

Nem a propósito, para a tarde, está reservado um painel de discussão dedicado ao tema do “diálogo social para mais investimento, mais emprego e melhores salários”, que contará com a presença do representante dos patrões, António Saraiva, e do secretário-geral da UGT, Carlos Silva.