O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, condenou esta quarta-feira a nomeação, pelo chefe de Estado, de Artur Silva para primeiro-ministro do país.

Em causa, explicou Domingos Simões Pereira, é o facto de esta nomeação pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, estar “fora do quadro constitucional e do Acordo de Conacri”, que estabelece um roteiro para a normalização institucional do país.

Simões Pereira enfatizou as qualidades técnicas e profissionais de Artur Silva e ainda o facto de aquele ser militante e dirigente do PAIGC mas demarcou o partido daquela nomeação.

O Acordo de Conacri é um instrumento patrocinado pela comunidade da África Ocidental e rubricado pelos atores políticos guineenses, visando acabar com a crise política que já dura no país lusófono há cerca de três anos.

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No âmbito desse acordo seria nomeado um primeiro-ministro de consenso para presidir a um governo integrado por todas as partes desavindas.

No entender do líder do PAIGC, vencedor das últimas eleições legislativas, o Presidente guineense não quis cumprir com a Constituição, propondo ao seu partido a indicação do nome do primeiro-ministro e também não respeitou o Acordo de Conacri.

A intenção de José Mário Vaz, ao propor Artur Silva, diz Domingos Simões Pereira, é criar divisão no seio do PAIGC.

“Sublinhamos que o Presidente da República insiste na sua saga de dividir tudo e todos”, acusou Domingos Simões Pereira.

O líder do PAIGC disse só não compreender as razões pelas quais José Mário Vaz não aproveitou a oportunidade para cumprir com a constituição e convidar formalmente o partido para nomear um primeiro-ministro.

Domingos Simões Pereira, que falava aos jornalistas num hotel de Bissau onde se reuniu com os convidados estrangeiros ao congresso do seu partido, confirmou a abertura dos trabalhos do conclave na noite passada, ainda que de forma improvisada.

O dirigente acrescentou que o partido está a tentar arranjar uma alternativa já que a sede continua ocupada pelas forças de segurança, a mando do governo, impedindo o acesso de militantes ao local.