Os anos passaram mas a especulação em torno da morte da actriz Natalie Wood (antiga estrela de Hollywood, protagonista do musical “West Side Story” e de filmes como “A Desaparecida” ou “Fúria de Viver”), em 1981, não dá sinais de abrandar. Pelo contrário: esta semana, um investigador que em 2011 contribuiu para a reabertura do caso (sem sucesso), John Corina, descreveu-o como “uma morte suspeita” e apontou agulhas a Robert Wagner, ex-ator e então marido de Natalie Wood:

Ele foi o último a estar com a Natalie Wood. E, de alguma forma, ela acabou por cair à água e afogar-se. Pela investigação que fizemos do caso nos últimos seis anos, penso que neste momento o Robert Wagner é mais uma person of interest do que era no passado”. O termo norte-americano, sem tradução literal, descreve alguém que, não tendo sido condenado ou sequer formalmente acusado de um crime, poderá ter peso decisivo na resolução de uma investigação em curso, sendo potencial suspeito.

As declarações de Corina, um tenente que trabalha no departamento de homicídios do estado de Los Angeles [que abarca as águas da Ilha de Santa Catalina, na Califórnia, onde Natalie se afogou], voltam a alimentar a especulação que dura há mais de três décadas. Robert Wagner, ator de longa carreira hoje com 87 anos (foi, por exemplo, protagonista no filme “A Justiça de Jesse James”, de Nicholas Ray), esteve com Natalie Wood na altura da sua morte — os dois passavam juntos o fim-de-semana do “Thanksgiving” (Dia de Acção de Graças).

À época, a versão veiculada por Wagner era a de que Natalie Wood (que não sabia nadar) decidira apanhar um pequeno barco em direção à cidade mais próxima e acabou por cair à água. A versão, contudo, parece inverosímil: segundo revelou esta semana o investigador de Los Angeles, que acrescentou ainda que Robert Wagner recusou falar às autoridades aquando da reabertura do caso, a noite da morte da atriz foi uma noite de tempestade. As águas estavam revoltas e Natalie estaria num barco de boas dimensões quando caiu à água. Os detetives acreditam ainda que, apesar de terem estado quatro pessoas na embarcação aquando da queda (além de Wood e Wagner, estavam também o actor Cristophen Walken e o capitão do navio, Dennis Davern), o casal terá partilhado uma zona restrita da embarcação.

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Estamos na ponta final de uma investigação e estamos num momento em que não há novidades, portanto, achámos que devíamos dar mais informação às pessoas. Contudo, enquanto investigadores de homicídios, sabemos que até os casos mais difíceis podem ser resolvidos quando as testemunhas se chegam à frente.”, afirmou uma porta-voz do departamento, Nicole Nishida.

Novas testemunhas entretanto ouvidas terão ainda revelado a existência de “gritos e barulho de coisas a partir-se” na noite da morte de Natalie Wood. Os ruídos terão vindo da cabine que alojava o casal na embarcação. Também o capitão do navio afirmou ter ouvido o casal discutir na noite em que Wood desapareceu. Os novos testemunhos permitem criar “uma nova sequência de eventos” à volta da morte da atriz, distinta da veiculada pelas testemunhas encontradas numa fase inicial, referiu ainda Nicole Nishida, citada pelos Los Angeles Time.

Em 2012, um ano depois da reabertura do caso, o departamento policial de Los Angeles emendou a certidão de óbito, alterando a causa de morte de “afogamento acidental” para “afogamento e outros fatores indeterminados”. Novas informações poderão surgir já este sábado, 3 de Fevereiro, quando for transmitido no canal CBS o documentário “Natalie Wood: Death in Dark Water”. O documentário inclui entrevistas a investigadores e promete trazer novas pistas e revelações surpreendentes.