As autoridades macaenses ouviram o magnata norte-americano dos casinos Steve Wynn, acusado de abusos sexuais por várias empregadas do seu grupo, em testemunhos noticiados pelo Wall Street Journal, foi divulgado esta quinta-feira.

Segundo a cadeia televisiva CNN, o Departamento de Inspeção de Jogos de Macau revelou preocupação pelas acusações, desmentidas por Steve Wynn e pela sua empresa, Wynn Resorts, depois das notícias veiculadas, uma vez que o magnata detém casinos no território.

A CNN adianta que Steve Wynn, de 76 anos, foi convocado para uma reunião, na terça-feira, para explicar “o seu envolvimento em inapropriado comportamento”.

O Governo de Macau “dá muita atenção” a detentores de posições importantes na indústria dos casinos e Wynn, que detém uma das companhias licenciadas para operar em casinos naquele território sob administração da China.

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A mesma fonte adiantou que o magnata disse, numa curta declaração, que cooperará com todas as informações que lhe forem pedidas.

Esta quinta-feira, a Universidade da Pensilvânia anunciou a retirada do diploma de ‘honoris causa’ atribuído ao magnata e a Universidade do Iowa retirou o nome Wynn do Instituto de Pesquisa da Visão.

A 26 de janeiro, o diário norte-americano Wall Street Journal relatou diversos incidentes, entre os quais que o presidente do conselho de administração (CEO) da Wynn Resorts terá tocado no peito de uma funcionária sem o seu consentimento, forçado uma outra a ter relações sexuais e obrigado uma terceira, massagista, a masturbá-lo.

O Wall Street Journal diz ter inquirido dezenas de pessoas que descreveram “um historial de comportamento sexual inapropriado que se prolonga há várias décadas”.

Após a publicação do artigo, as ações do grupo Wynn Resorts, que estavam em alta no início da sessão de hoje da bolsa de Wall Street, tinham caído 8,56%, para 183,43 dólares, pelas 18h45 TMG (a mesma hora em Lisboa), num mercado em alta (+0,71%).

Steve Wynn, de 76 anos, classificou como “absurda” a ideia de poder ter agredido sexualmente uma mulher, numa reação hoje transmitida à agência noticiosa francesa AFP por uma porta-voz da Wynn Resorts.

“Vivemos hoje num mundo em que as pessoas podem fazer acusações sem se preocuparem com a verdade e a pessoa [visada] tem então a opção de sobreviver a essa publicidade difamadora ou de se meter em processos judiciais durante vários anos”, declarou.

Wynn, que se tornou responsável pelas finanças do Partido Republicano dos Estados Unidos após a eleição de Donald Trump para a Casa Branca, afirmou que a sua ex-mulher Elaine está na origem de tais acusações, destinadas a beneficiá-la no processo que trava contra ele, exigindo a revisão das condições do divórcio.

O magnata controla cerca de 11,8% do capital da Wynn Resorts, ao passo que a ex-mulher detinha cerca de 9,4% no final de 2016, segundo o relatório anual do grupo.

De acordo com o valor das ações no encerramento da sessão bolsista de quinta-feira, a participação de Steve Wynn vale 2,4 mil milhões de dólares e a de Elaine corresponde a 1,9 mil milhões de dólares.

O grupo Wynn Resorts condenou também a manobra de Elaine Wynn para “manchar a reputação do Senhor Wynn”, na declaração enviada à AFP, garantindo que se rege “pelos mais elevados padrões em matéria de ética”, tendo dado aos seus funcionários formação anti assédio obrigatória e aberto uma linha telefónica para denúncias, que nunca recebeu qualquer chamada sobre Steve Wynn.

Tendo começado como proprietário de um pequeno grupo de salas de bingo no nordeste dos Estados Unidos, Steve Wynn construiu um império do jogo com o seu nome, em que se incluem, nomeadamente, os casinos Mirage e Bell ágio, em Las Vegas.