O diretor da Berlinale — Festival Internacional de Cinema de Berlim, Dieter Kosslick, revelou esta sexta-feira que foram retirados da programação da edição de 2018 do festival — a decorrer de 15 a 25 de este mês — os filmes que incluem atores ou atrizes que já tenham confirmado ter cometido atos de assédio ou abuso sexual. O diretor da Berlinale não quis precisar quais as obras que foram retiradas, dizendo apenas que “foram menos de cinco” e que não pode garantir que não vá existir algum “problema” com os filmes a concurso. “Vamos esperar para ver o que acontece. Espero que não aconteça nada com os filmes que temos programados”, acrescentou Dieter Kossling num encontro com a imprensa internacional, na Alemanha, citado pelo El País

A decisão foi tomada por solidariedade para com o movimento #MeToo, que começou depois das denúncias de assédio sexual contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Procurando alertar para o problema, o #MeToo já levou a que muitas mulheres quebrassem o silêncio e denunciassem experiências de assédio e abuso sexual por que passaram. A atriz Alyssa Milano tem sido uma das grandes porta-vozes do movimento e muitas das suas pares, como Jennifer Lawrence e Reese Witherspoon, já denunciaram publicamente situações de assédio.

O #MeToo — que estará inclusivamente presente na Berlinale com uma programação autónoma, que ainda não foi divulgada — também promete agitar a próxima cerimónia dos Óscares, a 4 de março, devendo motivar protestos e influenciar os discursos dos vencedores. Casey Affleck, acusado em 2010 de ter assediado duas mulheres e cuja distinção em 2017 com o Óscar de “Melhor Ator “pelo filme “Manchester By the Sea” já havia motivado protestos, decidiu não comparecer à cerimónia deste ano. O ator tinha sido convidado para entregar o Óscar de “Melhor Atriz” no dia 4, mas decidiu que não o fazer para não se tornar numa “distração face às performances das atrizes nomeadas para essa categoria, que devem ser o foco” do momento.

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