Para os lados da Harley-Dadvidson, a coisa está preta. As vendas continuam a baixar, no que são acompanhadas por quebras na facturação, lucros e, por consequência, valor das acções. Só em 2017, o número de unidades comercializadas pela marca americana caiu 6,7% em termos globais, comparado com o ano anterior, com o tombo no mercado doméstico a ser superior ao verificado na exportação, respectivamente 8,5% contra 3,9%. E não faltaram as consequências, com o encerramento imediato das fábricas do Missouri e de Kansas City.

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Para tentar dar a volta à situação, os responsáveis por este fabricante de motos – que sempre esteve associado a motards com ar durão, vestidos com blusões de cabedal repletos de caveiras, pregos e afins, tradicionalmente acompanhados por mulheres que, na maioria das vezes, trocavam os pesados blusões da Harley por shorts e tops mais ligeiros e sensuais – decidiram virar-se para as motos eléctricas. De uma assentada, parecem abandonar os seus clientes tradicionais e abraçar o tipo de motard que eles menos apreciavam: os “betos”, preocupados com o ambiente.

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A moto que a marca acredita que irá salvar a Harley é muito similar à LiveWire, o protótipo apresentado em 2014 que atingia 96 km/h em 4 segundos, mas não ultrapassava os 90 km de autonomia. O aspecto é o de uma “café racer”, compacta e ágil, de linhas obviamente modernas, mas sem qualquer semelhança com o tipo de montada que o construtor produziu até hoje, com a marca a anunciar que estará à venda dentro de 18 meses. E, se este vai ser um modelo de conquista, para atrair novos clientes, resta saber o que fará a Harley para manter fiéis os condutores que sempre adquiriram os seus modelos, cativados mais pelo estilo inconfundível.

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Esta será apenas a primeira moto eléctrica da casa, pois para ser financeiramente viável, a Harley-Davidson terá de produzir uma família de modelos, o que ajuda a reduzir os custos unitários das baterias e motores, bem como outras soluções que possam ser transversais à gama.

Idealmente, a Harley eléctrica definitiva deverá oferecer uma autonomia superior e, se quiser apelar aos clientes mais tradicionalistas, é melhor que produza qualquer ruído que faça lembrar o apaixonante dois cilindros em V da marca, que sempre foi um dos seus principais trunfos.