Selwa Hussein começou por sentir dores fortes no peito. Depois, dificuldade de respiração. Foi diagnosticada em julho do ano passado com cardiomiopatia dilatada familiar, uma insuficiência cardíaca hereditária que a obrigava a ter um coração novo.

O problema é que, tal como Selwa, muitos outros britânicos procuram um dador compatível — só nos últimos dois anos 40 pessoas morreram no Reino Unido enquanto aguardavam por um transplante.

Sendo a situação de Selwa tão rara quanto urgente, os médicos do Hospital Harefield, em Londres, optaram por, logo no final daquele mês, retirar o coração débil e colocar-lhe um artificial. A operação demorou seis horas. “Antes de a cirurgia começar, lembro-me apenas de chorar e despedir-me da minha família. Quando acordei, explicaram-me que o meu coração tinha sido removido. Estava tão desorientada que pensei que aquilo significava que tinha morrido”, explicou à BBC.

Em agosto Selwa começou a reabilitação e em dezembro teve finalmente alta médica do Harefield. Hoje carrega sempre consigo uma mochila de sete quilos. Lá dentro, traz o aparelho (da mochila seguem dois tubos que entram no corpo Selwa através da região do estômago e se prolongam até ao tórax) que lhe permite viver, mantendo o sangue a circular no corpo. Caso alguma complicação aconteça e o aparelho falhe, acompanha-a sempre um de reserva.

O médico que operou Selwa, Andre Simon, explicou à BBC que “para a equipa médica, ter um coração artificial à disposição dá uma opção quando já não há alternativas”. E conclui: “Sem isso, ela não teria sobrevivido.”

Já Selwa, hoje com 39 anos, procura levar uma vida normal. E garante: “Percebi algumas coisas enquanto estive naquele leito de morte. Uma delas é que não posso importar-me tanto com coisas que me causam stress, como problemas em casa ou nas relações pessoais. Valorizo muito mais a minha vida agora.”

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