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Nunca é bom dia para perder. Hoje, era o pior (a crónica do Estoril-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Ao 30.º jogo em provas nacionais, o Sporting perdeu. E perdeu (2-0) porque, globalmente, o Estoril foi melhor. Em quatro dias, e em vésperas de clássico para a Taça, leões vão do topo para o terceiro.

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LUSA

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Há quem tenha mais fair play e há quem tenha mais mau perder, mas ninguém gosta de ser derrotado. Mas é uma verdade lapalissiana: algum dia tinha de acontecer. Hoje, no caso do Sporting, era o pior dia.

Olhando para as bancadas do Estádio António Coimbra da Mota, onde estavam duas tarjas de apoio a Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, é inevitável recuar o filme até ao que se passou este sábado no Multidesportivo de Alvalade, onde a assembleia geral do clube foi suspensa, o líder verde e branco abandonou a sala e chegou mesmo a admitir apresentar a demissão do cargo. É isso que tem alguma influência no futebol, no jogo jogado? Não. Mas se não existe um nexo de causalidade, pode haver um elo de consequência. No futuro, veremos. Uma coisa é certa: se havia partida, jornada e compromisso onde a vitória seria importante, era este domingo na Amoreira.

Ao 30.º jogo no plano nacional, e depois de 20 vitórias e nove empates, o Sporting perdeu pela primeira vez com o Estoril, por 2-0. Porquê? Porque acusou em demasia as ausências de Gelson Martins e Bas Dost, descritos pelo próprio Jorge Jesus como “mais de 50% da equipa”. Porque falhou nas bolas paradas, onde o Estoril soube ganhar vantagem na primeira parte com o vento a favor. Porque nunca teve, no plano ofensivo, uma qualidade de jogo regular e suficiente para encostar o adversário às cordas mesmo quando estava em desvantagem.

Na quarta-feira à noite, após o fecho de um mercado que trouxe cinco caras novas a Alvalade perante apenas uma baixa (Jonathan, que jogava pouco), o Sporting ganhou ao V. Guimarães por 1-0 e subiu à liderança do Campeonato; quatro dias depois, fruto de uma escorregadela onde menos se pensava que poderia acontecer, desceu para o terceiro lugar em igualdade com o Benfica e a dois pontos do FC Porto. Falhou a liderança, tal como já tinha acontecido em Setúbal antes da Taça da Liga. No futebol como no clube, os leões continuam a ser um case study de altos e baixos que chegam aos extremos da euforia e da depressão. Com isso, são quem mais perde.

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A primeira parte foi intensa. Nem sempre bem jogada, em virtude dos passes falhados, mas intensa. E com um fator extra a ter grande influência: o vento. Até parece mal destacar como primeiro facto desequilibrador o vento, mas foi mesmo assim: nos primeiros seis minutos, o Estoril ganhou outros tantos cantos porque, como a marcação era de forma inevitável chegada à baliza, Rui Patrício lá tinha também de ir sacudindo por cima da trave (numa dessas ocasiões até foi complicado evitar aquilo que no futebol se denominou de golo olímpico).

Ficha de jogo

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Estoril-Sporting, 2-0

21.ª jornada da Primeira Liga

Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Estoril: Renan; Kyriakou, Dankler, Halliche, Ailton; Pedro Rodrigues, Lucas Evangelista (Duarte, 90+3′), Gonçalo Santos; Ewandro (Allano, 72′), Eduardo e André Claro (Bruno Gomes, 79′)

Suplentes não utilizados: Moreira, Pedro Monteiro, Fernando e Índio

Treinador: Ivo Vieira

Sporting: Rui Patrício; Piccini, Coates, Mathieu, Fábio Coentrão (Bryan Ruíz, 63′); William Carvalho, Battaglia (Montero, 46′); Bruno César (Rúben Ribeiro, 56′), Bruno Fernandes, Acuña e Doumbia

Suplentes não utilizados: Salin, Ristoviski, André Pinto e Palhinha

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Kyriakou (27′) e Ewandro (30′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Fábio Coentrão (59′), William Carvalho (71′) e Acuña (87′)

O Sporting fazia entroncar a sua estratégia em três grandes vetores: por um lado, as primeiras linhas de pressão muito subidas para condicionar por completo a saída de bola dos canarinhos; por outro, a marcação atenta a Lucas Evangelista, um daqueles jogadores tipo Rúben Ribeiro que nos cansamos de ver em destaque em equipas que não lutam pelo título e que pensamos para dentro “quando é que dá o salto para um grande?”; por fim, uma linha defensiva muito subida para, caso a primeira linha de pressão não resultasse, estar mais ou menos salvaguardado a nível de lançamentos em profundidade. O que foi feito, foi bem feito. Mas o Estoril conseguiu ser melhor.

Conseguiu ser melhor porque não se assustou com as linhas altas de pressão e manteve-se fiel à construção logo no setor recuado. Conseguiu ser melhor porque, jogando com a marcação de Battaglia a Lucas Evangelista, ia colocando os alas mais por dentro ou mais por fora consoante a bola entrasse mais ou menos à frente. Conseguiu ser melhor porque, sobretudo, foi mais eficaz nas oportunidades que teve. E de forma quase seguida.

Após a série de cantos contra, os leões conseguiram agarrar mais no jogo e tiveram os primeiros avisos à baliza de Renan, um bom guarda-redes contratado neste mercado de Inverno pelo Estoril, através da meia distância. Acuña, aos 15′, obrigou o brasileiro a defesa apertada para canto no seguimento de um livre lateral descaído sobre a direita; depois, foi Bruno César a colocar a alcunha de Chuta Chuta em prática mas os dois chutinhos saíram fracos. Lucas Evangelista, numa nesga de espaço que ganhou, arriscou a mesma receita mas passou também ao lado.

Do nada, tudo mudou. Em dose dupla. E em menos de três minutos. Foram os 169 segundos de graça para o Estoril e desgraça para o Sporting, que acabariam por marcar os restantes 60 minutos da partida na Amoreira.

Primeiro, aos 26.20 minutos, Kyriakou (defesa que atuou no lado direito, de forma muito competente) aproveitou uma bola parada para inaugurar o marcador: canto na esquerda do ataque mais uma vez chegado à baliza, desvio de Halliche ao primeiro poste ainda com toque de Rui Patrício, corte de Coentrão ao segundo poste e recarga com sucesso do defesa, colocando a bola no buraco da agulha entre o lateral leonino e a base do poste. Depois, aos 29.11 minutos, Ewandro aumentou a vantagem após um grande passe de Ailton para Eduardo que acabou por ir parar aos pés do brasileiro, que apontou o seu primeiro golo na Europa (o assistente de Manuel Mota fez sinal mas o vídeo-árbitro acabou por validar o lance, ficando a dúvida se o árbitro parara ou não o jogo antes).

Foram dois murros no estômago fortes. O impacto nos jogadores do Sporting foi notório, sobretudo a nível de equilíbrio emocional: Mathieu, sem necessidade nenhuma, tem um toque na cara de Lucas Evangelista que deixou o brasileiro a sangrar da boca (Manuel Mota considerou o lance casual); houve imensos protestos num lance em que Bruno César caiu na área mas onde Ailton teve o mérito de chegar primeiro e cortar para canto; Coates, na sua área, teve uma entrada de sola sem falta a pisar a bola que, sem necessidade, poderia trazer males maiores.

A seguir, as oportunidades. Duas oportunidades flagrantes, outros tantos falhanços. E tudo dentro do mesmo minuto, 43′: Halliche não reparou que tinha Coates atrás de si, deixou ir um passe na diagonal para as suas costas mas o uruguaio, sozinho na área, atirou um chutão para a bancada; e Bruno César, após uma jogada de envolvimento com assistência rasteira de Fábio Coentrão da esquerda, a ver a bola levantar num tufo de relva e a falhar aquilo que parecia certo quando estava a meio metro da baliza e com Renan fora da jogada.

Jesus não perdeu tempo e decidiu lançar logo ao intervalo Montero para fazer dupla com Doumbia na frente, ficando Bruno Fernandes mais recuado no corredor central no lugar de Battaglia. Nos primeiros dez minutos, a coisa até funcionou. Pelo menos, houve melhorias. Mas foi apenas um engano: o Sporting jogou pior na segunda parte.

Acuña, com um remate ao lado; Coentrão, com um remate de ressaca após canto de pé esquerdo que passou a rasar a trave da baliza de Renan; e Montero, não conseguindo aproveitar uma bola perdida quando o guarda-redes visitado estava fora da baliza, tiveram três lances que podiam ser a chave para o que se seguiria no resto do encontro, onde os leões tentavam uma missão quase impossível (apenas por uma vez tinham conseguido ganhar saindo a perder ao intervalo por 2-0, numa deslocação ao Alentejo com o Campomaiorense em 1998). E a porta fechou.

Fechou porque, por muito coração que se possa ter, a cabeça conta e de que maneira. O Sporting atacou sem cabeça, teve inúmeros desposicionamentos táticos e até se arriscou por mais do que uma vez a sofrer, não fossem as defesas de Rui Patrício perante Bruno Gomes, isolado em duas ocasiões. Ah, e no final, mesmo antes do apito final, Montero ainda viu um golo anulado (e bem) pelo vídeo-árbitro, na sequência de um livre lateral batido na esquerda. Pelo meio, André Claro também viu um golo anulado (e bem) pelo vídeo-árbitro. E Lucas Evangelista deu um show.

Propositadamente, deixámos Lucas Evangelista para o fim. O médio brasileiro anda a brilhar desde o início do Campeonato, em termos estatísticos é aquele tipo de jogador estilo Moneyball que só não vê quem não quer, mas acabou por não sair da Amoreira no mercado de Inverno. No final da temporada, não deve falhar mas serve também para mostrar uma outra diferença entre Estoril e Sporting fora dos relvados. Ora vejamos.

Nesta janela, o Estoril contratou a título definitivo ou por empréstimo Renan (ex-São Paulo), Dankler (ex-Lens, que estava emprestado), Ailton (ex-Estugarda), Gonçalo Santos (ex-Desp. Aves) e Ewandro (ex-Udinese). Foram todos titulares, tiveram todos prestações muito importantes em termos coletivos individuais. Já o Sporting contratou Lumor (ex-Portimonense), Wendel (ex-Fluminense), Misic (ex-Rijeka), Rúben Ribeiro (ex-Rio Ave) e Montero (ex-Vancouver Whitecaps). Os três primeiros nem convocados foram, os dois últimos entraram no decorrer da segunda parte sem influência na produção da equipa. E estes são pormenores que também fazem a diferença.

Pela primeira vez, o Sporting perdeu nas competições nacionais na presente temporada 30 jogos depois, após 15 vitórias e cinco empates na Liga; três vitórias na Taça de Portugal; e uma vitória e quatro empates na Taça da Liga. Apenas em quatro dias, os leões desceram do primeiro lugar para a terceira posição, em igualdade com o Benfica e com menos dois pontos do que o FC Porto (que tem ainda 45 minutos para fazer no Estoril). E daqui a cerca de 72 horas, os comandados de Jorge Jesus têm novo clássico com os dragões, a contar para a primeira mão da Taça de Portugal.

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