Os advogados de Donald Trump querem impedi-lo de prestar depoimento no inquérito sobre uma eventual ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. A possível recusa do presidente dos Estados Unidos em se apresentar perante Robert Mueller, o procurador responsável pelo caso, está a levantar a discussão sobre se um presidente se deve submeter a responder a questões sob juramento.

O New York Times explica que a equipa de advogados de Donald Trump está preocupada com uma eventual condenação por mentir aos investigadores – devido às múltiplas vezes que o presidente norte-americano se contradiz. A decisão de prestar ou não depoimento, que deverá ser tomada nas próximas semanas, vai ser um ponto chave no inquérito e Robert Mueller sobre as interferências russas nas eleições de 2016. Caso Trump recuse falar, Mueller pode intimar o presidente a responder perante um júri e, em último caso, a luta judicial pode escalar até um ponto em que apenas o Supremo Tribunal pode decidir.

Mas, claro, a possibilidade de Donald Trump recusar responder às perguntas de Robert Mueller também acarreta consequências políticas mais pragmáticas. O presidente, que tem sido várias e repetidas vezes acusado de adulterar a verdade, pode ver-se envolvido na presunção de que está a esconder alguma coisa. E talvez seja exatamente por isso que, em janeiro, tenha dito aos jornalistas que “mal pode esperar” por falar com o procurador.

O caso está a trazer novamente à ordem do dia a decisão de Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, de não prestar depoimento ao procurador que o investigava. Em 1974, o Supremo Tribunal acabou por decidir que o presidente não está acima da lei e deve cumprir o pedido do magistrado.

Falar com o procurador sobre mão russa nas eleições americanas? “Mal posso esperar”, diz Trump

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