Um “evento tentacular” é como o ator e encenador João Telmo define “Cabarética”, a peça em três partes com textos seus, que se estreia na quinta-feira, no Teatro do Bairro, em Lisboa.

Com textos sérios, mas muito corrosivos, “Cabarética” inspira-se no teatro de ‘vaudeville’ e nos registos de cabaré, na expectativa de conseguir que os espetadores acabem também por criar um discurso próprio, disse Martim Pedroso, também ator e encenador, um dos intérpretes da peça, no final do ensaio de imprensa, realizado esta terça-feira.

Uma enorme concha de vieira e um escadote é o que o público começa por ver, antes de a atriz Carla Bolito e João Telmo entrarem em cena, para contracenarem em “Kiki”, a primeira parte do espetáculo.

“Kiki” é inspirada na vida de Kiki de Montparnasse — Alice Ernestine Prin, conhecida como Kiki ou rainha de Montparnasse — uma modelo, cantora de ‘boîte’, atriz e pintora, apresentada como “incontornável personagem da burguesia parisiense, nos anos de 1920 e 1930”. Trata-se da reposição de um espetáculo homónimo, criado por João Telmo, em 2016, desta vez interpretado por Carla Bolito.

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Na segunda parte do espetáculo, “Bas fond”, dois ‘clowns’, João Telmo e Martim Pedroso, de fatos branco e preto, em cetim e tule, respetivamente, vão fazendo várias perguntas e questionando o público sobre questões pessoais, artísticas, sexuais e filosóficas, entre outras. Trata-se de um quadro com muito movimento, em que cada noite há um convidado especial, que também será questionado e poderá colocar questões, conforme explicaram os atores.

Este segmento conta com apoio ao movimento de Marlyn Ortiz, bailarina, coreógrafa, especialista em ‘fitness’, criadora de espetáculos de cabaré, que esteve em digressões de Madonna como “Re-Invention” (2004) e “The Rebel Heart” (2015-2016), a mais recente, já como treinadora pessoal da criadora de “True blue” e “Like a prayer”.

O registo de cabaré é bastante querido do autor dos textos e de Martim Pedroso, razão por que decidiram começar o ano com este espetáculo, que termina com uma ‘performance’ burlesca, intitulada “Lady M”, sem qualquer texto, que é protagonizada por Marlyn Ortiz.

Durante esta sequência, João Telmo e Martim Pedroso colocam questões absurdas sobre o mundo e o espetáculo, através das quais procuram rir e chorar com o público, “quais palhaços esquecidos, numa noite de Lisboa”. Marlyn Ortiz fez também parte de digressões de músicos como Britney Spears, Jennifer Lopez, Katy Perry, Taylor Swift, Black Eye Peas, Usher e Mariah Carey.

Lady M é “uma latina enérgica, sensual e carismática”, que conduz os espetadores “num périplo sensual e provocador”. “Surpreende-nos com o seu ‘booty shaking’, as suas rotações alucinantes e a sua flexibilidade”, lê-se na apresentação do espetáculo.

“Lady M é fogo puro e, o mais provável, é sermos todos incendiados por ela”, garante a Nova Companhia. A peça vai estar em cena de 7 a 25 de fevereiro, com espetáculos de quarta-feira a domingo, às 21h30.

Concebida e dirigida por João Telmo e Martim Pedroso, que também dá apoio à dramaturgia, e apoio ao movimento de Marlyn Ortiz, “Cabarética” tem música original e sonoplastia de Cristóvão Campos, cenografia de Rueffa e figurinos de David Ferreira.